ARACAJU/SE, 19 de abril de 2024 , 23:45:43

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Sertão sergipano começa a entrar em estágio inicial de seca

A Secretaria de Estado da Agricultura Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e sua empresa de assistência técnica Emdagro convidaram gestores municipais, movimentos sociais e agentes financeiros para debater a situação da estiagem nos municípios de alto sertão e médio sertão sergipano. A reunião teve caráter de emergência e foi realizada esta quinta-feira, dia 19, no auditório do hospital do município de Monte Alegre.

A secretária Rose Rodrigues disse que ao tomar conhecimento dos laudos feitos pela Emdagro identificou preocupação em relação à estiagem que ameaça o setor produtivo de muitos municípios. “É importante que todos os setores envolvidos com o campo tomem conhecimento da situação, para que possamos pensar coletivamente as medidas e dividir as responsabilidades para enfrentamento da situação de seca que ameaça a produção”, ressalta Rose.

O presidente da Emdagro, Jeferson Feitosa, apresentou um levantamento, realizado pelos escritórios locais, que aponta um estágio inicial para a seca. Alerta para um contexto que necessita do desenvolvimento de ações emergenciais. O levantamento avaliou a situação de segurança hídrica, principais culturas, pastagens, rebanho de corte, de leite, e água para abastecimento humano e animal.

Segundo repasse de agricultores do Território do Alto Sertão Sergipano, municípios como Poço Redondo, Canindé, Glória e Gararu encontram-se em condições mais críticas do que as descritas no levantamento da Emdagro. Manifestaram que a chuva desse ano tem ficado aquém do esperado e sem perspectiva de construir reserva estratégica para alimentação animal. “A chuva atual não está sendo suficiente para germinar, muitas áreas foram tombadas no seco”.

O ex-prefeito de Poço Redondo, Roberto Araújo, disse que a Cohidro, os agentes financeiros e, Conab e Defesa Civil podem dar uma contribuição importante nesse momento. “O sertão é a maior bacia leiteira de Sergipe, mas sem água essa condição fica em risco. Na condição atual não teremos milho, nesse sentido uma alternativa seria contar com o papel social da Conab com oferta de milho de menos custo”. Roberto reivindica ainda a construção de quatro grandes açudes no alto sertão.

O secretário da Agricultura de Canindé, Rildo Joaquim de Carvalho registrou que colocar a disponibilidade de sementes e horas/máquina em cartão, nos moldes do que acontece com o “mão amiga”, com certeza seria uma grande ajuda. “Necessitamos da implementação do banco de sementes de palma para atender a demanda de criadores”, disse. Terminou perguntando por que Canindé ficou de fora do programa da defesa civil.

“Como é possível não pensar em uma estrutura pra reservar a água das trovoadas que alagam cidades, como foi o caso de Monte Alegre, disse Djalcir Aragão, secretário da Agricultura de Glória. Ele também reforça a necessidade de barragens estruturantes de grande porte e, incentiva que o Califórnia pode exercer um papel de produtor de milho grão para atenuar essa condição de emergência. “É necessário propor um orçamento para a agricultura em nosso estado e não mais depender somente de repasses da secretaria de inclusão social”, acrescenta.

Já o secretário da Agricultura e Meio Ambiente de Monte Alegre, Haroldo José da Silva, resgatou que no último momento emergencial as ações foram desenvolvidas de maneira muito tardia e que essa reunião de hoje acontece justamente para que o erro não se repita e os resultados emergenciais somente cheguem em 2019. Alerta para que o crédito emergencial tenha uma carência ampliada, de pelo menos 3 anos.

“Precisamos pensar um plano de agricultura para o estado, um plano que leve em consideração as sementes, segurança hídrica, suporte estratégico de forragens. Temos também que apoiar e fortalecer iniciativas de convivência com o semiárido, acelerar o programa de palma desenvolvido pela Emdagro”, destacou Rafaela dos Santos, representante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Ela conclama a compreensão do que é emergência e urgência, constatando os efeitos da seca em pleno inverno.

O presidente da Cohidro, Carlos Melo, detalhou que a empresa fez a recuperação barragens de médio porte. Informa que ainda não é possível a perfuração de poços artesianos, pois no momento estão aguardando um aporte financeiro do estado para executar a demanda de perfuração de novos poços. Melo destaca que no projeto “Águas de Sergipe” estão previstas a aquisição de 200 bombas para atender os poços artesianos.

“Para atendimento de forma efetiva, o município precisa apresentar um documento de situação de emergência” orienta coronel Alexandre Silva, diretor da Defesa Civil Estadual. “O exército tem atuado com recursos da defesa civil nacional em 12 municípios, mas aqui no estado, apesar do pouco recurso estamos aptos a atender as necessidades dos municípios que atenderem o enquadramento legal de situação de emergência”, assegura o diretor.

O responsável pelo Programa Garantia Safra, Sérgio Santana, disse que a orientação geral é que as prefeituras realizem a comunicação de perda de forma imediata, principalmente os que estão com condições críticas irreversíveis. “Temos tempo, o prazo é até o fim de agosto para fazê-lo. Caso seja necessário contribuição, a estrutura técnica de formação pode ser cedida pelo estado”, frisou Sérgio.

João Kleber do Banco do Brasil: Reconheceu a gravidade da situação e tem visitado áreas economicamente importantes e que estão em condição crítica, a exemplo de Carira. Adianta que o processo para reconhecimento de PROAGRO da agricultura familiar é simples e menos burocrático. Recomenda cuidado com as notas fiscais para que o acesso ao PROAGRO não seja frustrado. Por fim, coloca o Banco do Brasil para financiar iniciativas emergenciais ou não de crédito para os perímetro irrigados do Alto Sertão.

A secretária da Agricultura do estado assegurou que toda a situação apresentada na reunião, o sentimento dos agricultores e as sugestões dos gestores municipais serão levadas ao governado do Estado em forma de uma plano de ação emergencial. A expectativa do Estado é poder contar com a participação do Governo Federal e das prefeituras.

Fonte: Seagri.

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