O Ministério da Justiça lançou nesta segunda-feira (8) um site com informações sobre os 216 foragidos mais procurados no Brasil. Criminosos conhecidos nacionalmente estão na lista, entre eles: André do Rap, da facção Primeiro Comando Capital (PCC), o traficante do Comando Vermelho (CV) Doca, um dos alvos da megaoperação no Rio em outubro, e o bicheiro Bernardo Bello, cuja trajetória foi retratada na série do Globoplay “Vale o escrito”.
Cada estado indicou os criminosos cuja prisão é prioritária com base em uma matriz de risco. Foram avaliados aspectos como gravidade e natureza do crime cometido, vinculação com organizações criminosas, existência de múltiplos mandados de prisão e atuação interestadual.
Saiba mais sobre esses três foragidos:
André do Rap
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André do Rap é responsável por intermediar o envio de toneladas de cocaína para a Europa e África — o que o tornou um alvo de autoridades nacionais e internacionais. Condenado a 25 anos de prisão por tráfico internacional de drogas em 1ª e 2ª instâncias, ele foi beneficiado, em outubro de 2020, por um habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal (STF).O traficante se apresentava como empresário que realizava eventos, e promovia shows de funk, rap e hip hop. Também costumava patrocinar surfistas.
Em um “drible”, o André do Rap conseguiu sair do presídio. Isso porque, poucas horas depois da decisão do ministro do STF Marco Aurélio de Mello — hoje aposentado —, o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, acolheu um pedido da Procuradoria-geral da República (PGR) e revogou a decisão.
Na argumentação, Fux afirmou que uma liminar pode ser suspensa quando demonstrado que seu efeito pode causar grave lesão à ordem e à segurança. “Sabe-se que o crime organizado, nem mesmo com a prisão de seus líderes, é facilmente desmantelado. O que dizer com o retorno à liberdade de chefe de organização criminosa? Desbaratar uma organização criminosa é um imperativo da ordem pública”, escreveu o magistrado na ocasião.
Apesar disso, André do Rap foi liberado e está desaparecido desde então. Hoje, ele é procurado, pela Justiça de São Paulo (TJSP) e pela Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).
Doca
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Edgard Alves de Andrade, o Doca, de 55 anos, foi o principal alvo da megaoperação das polícias Civil e Militar nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, em outubro.
A Polícia Civil aponta ele como um dos integrantes da cúpula do CV, com atuação no Complexo Penha.
De acordo com promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), Doca — ou Urso, como também é conhecido — é o principal líder do CV no Complexo da Penha e em comunidades como Gardênia Azul e César Maia, na Zona Sudoeste, e Juramento, na Zona Norte, algumas delas recentemente tomadas da milícia.
Ele é investigado por mais de cem homicídios, incluindo execuções de crianças e desaparecimentos de moradores. Em outubro de 2023, Doca foi apontado como o mandante da execução de três médicos e da tentativa de homicídio de uma quarta vítima na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. As vítimas participavam de um congresso de medicina e foram confundidas com milicianos de Rio das Pedras.
A Polícia Civil acredita que Doca tenha ordenado ações de traficantes na Gardênia e em Rio das Pedras. O traficante ficou conhecido também por ter como homem de confiança o BMW, que pode estar à frente da nova guerra entre traficantes e milicianos nessas duas comunidades e, segundo investigações, BMW é procurado pela polícia desde que três médicos foram executados em um quiosque na Barra da Tijuca, em outubro de 2023.
Doca já foi um dos alvos da operação Buzz Bomb, deflagrada em setembro do ano passado, pela Polícia Federal para reprimir o uso de drones lançadores de granadas, operados por pessoas ligadas ao CV. Contra ele há mais de 20 mandados de prisão expedidos pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), segundo dados do site do Conselho Nacional de Justiça.
Na época da Buzz Bomb, Doca teve prisão preventiva decretada pela 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa do TJRJ. Ele foi denunciado pelos crimes de organização criminosa e posse de material explosivo, cujas penas somadas podem chegar até 14 anos de prisão, em caso de condenação.
Bernardo Bello
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Bernardo Bello Pimentel Barboza tem uma vida em que mistura bens de luxo, usados para esconder a origem ilícita de sua riqueza, e crimes que vão da contravenção a execuções de inimigos. O bicheiro é investigado em casos de assassinatos, de rivais a desafetos, e, durante a participação na série do GloboPlay “Vale o Escrito”, afirmou que um de seus rivais quer matá-lo.
Acusado de ser o mentor intelectual da morte do contraventor Alcebíades Paes Garcia, o Bid, assassinato cometido em 25 de fevereiro de 2020, Bello voltava de Dubai, nos Emirados Árabes, quando foi preso em Bogotá, na Colômbia, durante uma ação da Delegacia de Homicídios da Capital da Polícia Civil e do Gaeco/MPRJ, em janeiro de 2022. Na difusão vermelha da Interpol o nome do bicheiro era classificado como “perigoso” e “violento” ao ser tido, à época, como um fugitivo procurado.
Bello foi solto quatro meses depois após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) conceder um habeas corpus para que o bicheiro respondesse ao processo em liberdade. Na época, foi determinado que ele se apresentasse à Justiça de dois em dois meses e ficasse proibido de sair de casa sem autorização ou de se mudar de endereço. O MP, no entanto, acusou Bello de descumprir as medidas cautelares impostas desde o fim de novembro de 2022, quando passou a ser considerado foragido em outro processo respondido por ele. Ele não foi encontrado pela polícia até o momento.
Na ocasião, ele foi acusado de ser um dos chefes da contravenção no Rio e foi alvo da Operação Fim de Linha, do Ministério Público estadual, que teve como foco a repressão a crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro proveniente da exploração de jogos de azar. À época, ele não foi localizado.
Iniciativa do governo
Denúncias anônimas sobre os foragidos podem ser realizadas pelos canais 190 e 197. Segundo a pasta, a iniciativa permite o intercâmbio de informações entre os estados e estimula a colaboração direta da população.
O site é um desdobramento do Programa Captura, uma articulação nacional cujo objetivo é a identificação, localização e prisão de criminosos considerados de alta periculosidade. O ministério informou que irá instalar uma célula operacional da organização no estado do Rio de Janeiro.
“A medida responde à constatação de que criminosos de diferentes regiões do Brasil frequentemente se ocultam em áreas do estado fluminense. A nova estrutura permitirá apoio direto às polícias estaduais e maior agilidade na troca de informações para a localização de foragidos”, aponta a pasta.
Fonte: O Globo





