Uma equipe de técnicos da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, executivos e profissionais da empresa China National Nuclear Corporation (CNNC) [Corporação Nacional Nuclear da China], grupo investidor que já atua na América do Sul, reuniram-se hoje (12) com o governador Jackson Barreto com oobjetivo de vislumbrar a possibilidade de o Estado sergipano abrigar umcomplexo de usinas de energia nuclear, com capacidade de até seis unidades, na área do Baixo São Francisco.
Os municípios potenciais a receber o empreendimento são Gararu, Porto da Folha e Poço Redondo. A construção deve produzir 7.200 megawatts (MW) de energia, movimentar um valor equivalente a US$ 5 bilhões para cada usina, podendo atingir até U$ 30 bilhões de investimento, com geração de, aproximadamente, dois mil empregos.
A estatal chinesa, já em 2014, possuía quatro centrais nucleares instaladas em seu país, com capacidade de 6,5 mil megawatts (MW) e mais cinco complexos em construção, que podem gerar 12,5 mil MW.
O governador acompanhou a apresentação do projeto da Eletronuclear, ouviu sobre a atuação do grupo chinês e se colocou à disposição das empresas.
A respeito da escolha do local no país onde será construída a central nuclear, isso dependerá de aspectos geográficos, demográficos, meteorológicos, hidrológicos, geológicos, sismológicos e geotécnicos. A vinda da Eletronuclear e da CNNC a Sergipe serve como base na elaboração de estudos técnicos para avaliar qual a área mais adequada para a instalação de centrais nucleares. Os profissionais permanecem em missão no estado até quarta-feira (13).
De acordo com o assessor de desenvolvimento de novas centrais nucleares da Eletrobras, Marcelo Gomes, Sergipe conta com uma região muito propícia ao longo do São Francisco, tem topografia e um tipo de geologia [solo] muito interessantes, e a empresa vem recebendo apoio do governo estadual.
Sobre o prazo de instalação, o profissional de desenvolvimento de novas centrais nucleares da Eletrobras explica que o Ministro de Minas e Energia comenta que as usinas devem ficar prontas até 2030. “Isso significa que, para começar essas obras, e a partir de um terreno que não tem nada, precisamos de 10 anos, que é o tempo necessário para fazer prospecção do terreno, sondagem, licenciamento e ver questão ambiental. Temos que ter definição acerca do local ano que vem, para começar esse processo o mais cedo possível e essas usinas fiquem prontas a tempo”.
Construção de usinas nucleares
Em abril de 2015, o Ministério de Minas e Energia anunciou os planos do governo federal para instalar quatro novas usinas nucleares até 2030 e mais oito unidades até o ano de 2050. No mês de setembro, o então governador em exercício, Belivaldo Chagas, visitou as obras de Angra 3, terceira usina nuclear da Central Almirante Álvaro Alberto. A unidade terá capacidade de 12 milhões de megawatts-hora por ano.
Na ocasião, a Eletronuclear apresentou seus projetos futuros, inclusive o da construção de uma nova usina próxima às margens do rio São Francisco. A oportunidade também serviu para que Sergipe atraísse a atenção e estabelecesse as tratativas para a visita dos técnicos da Eletrobras e os representantes da empresa chinesa CNNC, que fornecerá os equipamentos necessários para o funcionamento da central nuclear.
Para que Sergipe esteja apto a receber o complexo de energia nuclear, além de preencher os requisitos, deve receber aprovação da presidenta da República, que fará a escolha do local diante de uma lista elaborada pela Eletronuclear e sob a supervisão do Ministério de Minas e Energia. A decisão final caberá ao Congresso Nacional.
A licença de atuação de cada usina é de 40 anos, podendo ser renovada, e a vida útil de cada unidade pode ser de até 100 anos. De acordo com o assessor da Eletrobras, a usina nuclear é uma indústria pujante e tem sido grande solução no mundo por conta da questão de emissão de gases. Ele explicou durante sua apresentação que um complexo com até seis usinas é como se fosse uma Chesf dentro de um mesmo território. Ainda nas comparações, Marcelo informou que o fator de capacidade de geração de energia da Furnas é de 63%, Chesf 53% e o do complexo de usinas nucleares é de 85% a 90%.
Com informações da ASN