O maior levantamento já feito sobre o comportamento dos usuários do ChatGPT indica que a vida pessoal domina as interações com o chatbot. O estudo cobre três anos desde o lançamento da ferramenta.
De acordo com a pesquisa do National Bureau of Economic Research, em parceria com David Deming, de Harvard, as demandas pessoais somam 70%, enquanto as profissionais totalizam 30%.
Os autores analisaram 1,5 milhão de conversas com ferramentas automatizadas que classificam padrões de uso, já que a OpenAI afirma preservar a privacidade e que os acadêmicos não acessaram conteúdos. Atualmente, a plataforma registra 700 milhões de usuários ativos semanais.
Crescimento fora do trabalho
Pelas séries históricas, as mensagens sem vínculo laboral avançaram de 53% para 70%. Enquanto isso, a adoção no trabalho cresce rapidamente, mas se concentra entre profissionais com alta remuneração e instrução elevada.
Em paralelo, três quartos das conversas tratam de orientações práticas, busca de informações e escrita.
O que as pessoas mais pedem
No cotidiano, a escrita aparece como a frente de trabalho mais comum, enquanto programação e autoexpressão permanecem nichos. Além disso, o padrão de instruções mostra que muitos buscam conselhos, não apenas execução, o que reforça o papel de consultoria.
– 11% usam para reflexão pessoal, exploração e diversão.
– 40% adotam a instrução “Fazer” para redigir textos, planejar ou programar.
– 49% preferem “Perguntar”, sinalizando busca por conselhos e esclarecimentos.
Tarefas ligadas ao trabalho
Ao relacionar mensagens com atividades profissionais definidas pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, os pesquisadores observaram que 81% se conectam a duas frentes amplas.
Por um lado, obter, documentar e interpretar informações; por outro, tomar decisões, aconselhar, resolver problemas e pensar de forma criativa.
Esses padrões aparecem de maneira semelhante em diversas ocupações. Em gestão, negócios, STEM, áreas administrativas e de vendas, comandos de Obter Informações e de Tomar Decisões e Resolver Problemas figuram entre os cinco mais usados. Além disso, essa convergência sugere rotinas comuns entre carreiras.
Adoção por gênero e renda
Nas métricas recentes, a distância entre gêneros encolheu rapidamente. A participação das mulheres alcançou 52% em julho deste ano, ante 37% em janeiro de 2024. Além disso, os países de menor renda exibem taxas de crescimento mais de quatro vezes superiores às dos países de maior renda.
O que isso revela
Os sinais apontam para a expansão do uso entre perfis antes menos presentes e redução de disparidades, especialmente a de gênero. Ao mesmo tempo, a maioria das conversas orbita em torno de tarefas do dia a dia, o que consolida o papel de apoio prático e decisório da ferramenta.
Para organizações e profissionais, os dados expõem onde a IA já entrega valor: escrita, obtenção de informações e suporte a decisões. Assim, iniciativas de capacitação podem priorizar essas frentes.
Em paralelo, o avanço em países de menor renda indica oportunidades de inclusão digital.
Fonte: Capitalist