Estar apaixonado é mais do que uma metáfora romântica, é um fenômeno neuroquímico real, que altera o funcionamento do cérebro. Segundo especialistas, o amor ativa regiões cerebrais relacionadas ao prazer, à motivação e até ao estresse. Em outras palavras, sentir “borboletas no estômago” (aquele clássico frio na barriga antes de ver sua cara metade) é, na verdade, uma reação química.
“O amor acontece menos no coração e mais no cérebro”, explica Leiszle Rae Lapping-Carr, psicóloga com especialização em sexo e relacionamentos, no portal da universidade Northwestern Medicine. Quando estamos apaixonados, neurotransmissores como dopamina, serotonina e ocitocina entram em ação, promovendo sensações de prazer, satisfação e apego.
Essas substâncias ativam o chamado sistema mesolímbico, relacionado à motivação e recompensas. “À medida que você se envolve com algo que traz prazer, o cérebro entende que é algo a ser repetido”, diz Lapping-Carr. Por isso, o desejo de estar com a pessoa amada se intensifica, já que o cérebro literalmente quer mais daquilo que o faz se sentir bem.
O amor, segundo a psicóloga, pode incluir componentes como atração, desejo sexual e apego. Eles podem se manifestar em diferentes ordens, mas todos têm efeitos na nossa percepção e comportamento.
Por outro lado, o amor também desencadeia respostas semelhantes ao estresse. Estudos citados por Richard Schwartz e Jacqueline Olds, psiquiatras de Escola de Medicina de Harvard, mostram que apaixonar-se provoca uma cascata neuroquímica: os níveis de cortisol aumentam, assim como os de testosterona e a atividade nos centros de recompensa dopaminérgicos.
“Conquistar alguém é um jogo de alto risco”, diz Schwartz. Essa turbulência bioquímica, no entanto, tende a se estabilizar com o tempo. Após algumas semanas ou meses, os níveis de cortisol e serotonina voltam ao normal. O que permanece são os efeitos positivos: ocitocina e vasopressina, neurotransmissores ligados ao vínculo afetivo, aumentam, ajudando a manter relacionamentos duradouros.
O amor dói
A química cerebral não atua apenas na paixão. A perda amorosa também tem impactos físicos. Estudos revelam que o sofrimento emocional pela perda de um parceiro ativa as mesmas áreas cerebrais associadas à dor física. Em casos extremos, pode desencadear a chamada síndrome do coração partido, uma disfunção temporária do coração causada por estresse emocional intenso, como a morte de alguém amado.
Esse fenômeno, também conhecido como síndrome do coração partido ou síndrome de Takotsubo, mostra como o cérebro e o coração estão intimamente conectados: a liberação repentina de hormônios do estresse pode afetar o músculo cardíaco, causando sintomas semelhantes a um infarto. Felizmente, é uma condição reversível.
Românticos ou não, vínculos são fundamentais para a saúde, e afetam a longevidade. “Ser ligado a pelo menos uma outra pessoa de forma segura é a base do bem-estar”, afirma em comunicado Robert Waldinger, professor de psiquiatria na Escola de Medicina de Harvard.
Fonte: Revista Galileu