Seguindo os passos de Oswaldo Cruz, que descreveu o mosquito Anopheles lutzii em 1901, a Fiocruz (cujo nome faz alusão ao famoso cientista) também se dedica a esse tipo de trabalho. De acordo com a instituição, seus pesquisadores participaram da descrição de 260 novas espécies entre 2015 e 2024 – presentes no Brasil e em países como Argentina, México, Venezuela, Bolívia e Rússia.
A maioria dessas espécies pertence à ordem Hemíptera (que inclui percevejos, cigarras e barbeiros). Foram 107 descrições desse tipo. A ordem Díptera (que agrupa insetos com um par de asas, como mosquitos e moscas) conta com 30 descrições no mesmo período. Bactérias e protozoários também aparecem na lista.
“No contexto ecológico atual, marcado por intensas mudanças climáticas e transformações nos ecossistemas, entender quais organismos ocorrem em determinada paisagem e como eles se relacionam com o ambiente é fundamental para antecipar e reduzir riscos à saúde pública”, aponta Luciana Garzoni, diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Recentemente, a instituição esteve envolvida na identificação de três ratos-silvestres. Esses estudos são muito importantes para compreender melhor a transmissão de variantes do hantavírus – que causam doenças em seres humanos.
Em 2024, a Fiocruz também contribuiu para a descrição de uma nova espécie de mosquito-pólvora, sete novas espécies de parasitos de peixes e quatro novas espécies de micobactérias do complexo Mycobacterium terrae. Essas bactérias foram descobertas em amostras de esgoto coletadas no Zoológico de São Paulo, mostrando que espécies desconhecidas de microrganismos podem estar presentes em centros urbanos e não apenas em locais remotos.
“Precisamos conhecer quais são os seres que habitam cada ecossistema e como eles se relacionam nas cadeias de transmissão de patógenos, tanto entre os animais quanto entre os animais e os seres humanos”, pontua Ademir Martins, pesquisador do Laboratório de Biologia, Controle e Vigilância de Insetos Vetores.
Fonte: Revista Galileu