Em mais uma revisão da trajetória do asteroide 2024 YR4, que deve se aproximar da Terra em 2032, os especialistas agora acreditam que existe uma chance de 4,3% da rocha espacial colidir com a Lua. Se isso realmente ocorrer, acredita-se que pequenos fragmentos do satélite natural poderão ser lançados em direção à superfície do nosso planeta.
Para chegar a tais conclusões, a equipe de pesquisadores das Universidades de Ontário Ocidental e Athabasca, ambas no Canadá, analisou dados coletados a partir do Telescópio Espacial James Webb. Seus resultados foram compartilhados no dia 12 de junho dentro da plataforma arXiv, e ainda não foram revisados por cientistas independentes.
Fragmentação da Lua
No seu novo estudo, os investigadores simularam como o impacto poderia criar uma cratera de aproximadamente 1 km de diâmetro na superfície da lua e lançar milhões de quilogramas de detritos para fora da órbita da Lua e em direção à Terra, onde chegariam dias depois. Veja vídeo produzido pelo grupo:
“Se o 2024 YR4, estimado em cerca de 53 a 67 metros de largura, atingir a Lua em 2032, será (estatisticamente falando) o maior impacto em aproximadamente 5.000 anos”, escrevem os especialistas no relatório. “A chuva de meteoros resultante na Terra pode ser algo impressionante”.
Embora muitas das rochas lunares, de milímetros a centímetros, possam queimar na atmosfera da Terra e não representar nenhuma ameaça aos humanos, algum material pode ser capturado na órbita da Terra. Isso já representa um risco um pouco maior para satélites, espaçonaves e astronautas.
“O impacto na superfície da Lua seria comparável a uma grande explosão nuclear em termos da quantidade de energia liberada”, explica Paul Wiegert, principal autor do estudo, à Agence France-Presse. “Uma pedra do tamanho de um centímetro viajando a dezenas de milhares de metros por segundo é muito parecida com uma bala”.
Defesa da Terra
Por meio de suas descobertas, a equipe canadense sugere que as agências espaciais devem começar a considerar também em seus planos de defesa planetária as ameaças a áreas do espaço próximo. A Nasa, por exemplo, já rastreia há muito tempo asteroides e cometas que podem atingir o planeta diretamente, mas a Lua aparece como uma preocupação secundária.
Em 2022, a agência americana chegou a realizar um teste para verificar a possibilidade de se desviar asteroides a partir de colisões com objetos humanos. A missão se mostrou um sucesso à medida que a rocha Dimorphos mudou sua trajetória orbital a partir do encontro com a sonda Double Asteroid Redirection Test (Dart).
O asteroide 2024 YR4 ainda está muito distante para ser observado adequadamente – o que só deve melhorar em 2028. Mas, apesar de preocupações anteriores de que um impacto com a Lua pudesse alterar sua órbita ao redor da Terra, a Nasa descartou esse cenário em abril, quando reavaliou seu tamanho, lembra o jornal The Guardian.
Fonte: Revista Galileu