ARACAJU/SE, 19 de janeiro de 2025 , 0:32:57

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“Interestelar” completa uma década como mais perfeita junção de cinema e ciência

 

Qual é o limite do amor de um pai? Essa pergunta é uma ótima síntese para a ficção científica Interestelar, lançada pelo diretor Christopher Nolan nos cinemas em 2014. O filme esteve em cartaz novamente no Brasil neste mês de janeiro, reforçando as comemorações da primeira década do trabalho, mas infelizmente em curta temporada (as últimas sessões foram no dia 15 de janeiro). Quem não teve a oportunidade de ir a alguma exibição, consegue assistir ao filme pelo Max ou pelo Prime Video, e essa é uma boa pedida.

O longa-metragem marcou época unindo um bom roteiro à trilha sonora impactante de Hans Zimmer, passando pelos detalhes concebidos pela equipe de efeitos visuais (reconhecida com um Oscar) e pela ótima atuação de Matthew McConaughey. Além de não ter envelhecido mal, o filme segue referencial em 2025.

Sua trama acompanha Cooper, um ex-piloto da NASA que cuida de uma fazenda e dos filhos, um adolescente e uma menina de dez anos. Eles vivem em um mundo onde a civilização teve sua subsistência desafiada por uma praga que dizima colheitas. A pequena família sofre com uma suposta assombração em um dos quartos da residência.

Quem assistiu deve se lembrar que esse fantasma nada mais é do que uma anomalia gravitacional, o que abre portas para que o filme se desenvolva na direção de uma trama complexa com viagem espacial. É a partir desse ponto que Cooper decide deixar a família para trás e buscar uma solução para o futuro da humanidade em outro planeta. A expedição também é o que abre alas para um dos maiores triunfos da obra de Nolan: a precisão na abordagem de temas ligados aos estudos avançados da física em nosso mundo.

Digno de Nobel

Na época em que foi lançado, o filme foi elogiadíssimo por cientistas, algo que se deu graças à consultoria prestada por Kip Thorne, físico teórico e ganhador do Nobel em 2017. Assim que se envolveu no projeto, o especialista estabeleceu duas regras para Nolan: “Primeiro, nada poderia violar regras estabelecidas da física. Segundo, todas as teorias mirabolantes deveriam partir de cientistas e não da mente fértil de um roteirista”.

Em entrevistas (e num livro que escreveu sobre sua participação), Thorne contou que passou um período de duas semanas convencendo o diretor a deixar de lado a ideia de fazer com que um dos viajantes espaciais quebrasse a velocidade da luz. Nessa questão, ele conseguiu impactar o roteiro e fazer com que Nolan largasse o osso, mas acabou perdendo a queda de braço em outra cena.

“Eles inventaram um planeta com nuvens de gelo. Essas estruturas (da espaçonave) não aguentariam um material desse tipo. Mesmo assim, se eles quebraram uma lei básica da física, com certeza fizeram muito bem. Isso não quer dizer que não me senti mal. Todas as vezes que assisti ao filme me encolhi durante essa cena”, contou Thorne à ScienceAas.

E = mc²

É graças também às teorias da física que Interestelar cria dois de seus momentos mais dramáticos: a entrada de Cooper em um planeta onde o tempo passa mais rápido e o momento em que ele é engolido por um buraco negro. No primeiro caso, é a teoria da relatividade de Albert Einstein que se aplica, revelando a dilatação do tempo. Esse fenômeno prevê que um local com campo gravitacional muito forte seja capaz de retardar a velocidade da passagem do tempo. É por isso que o personagem “perde” 23 anos quando entra em um planeta próximo à Gargântua, como é chamado o principal buraco negro do filme.

Em outra cena, o astronauta entra no famigerado buraco negro e o espectador se perde com ele, observando de perto os desdobramentos desse fenômeno do espaço sideral. A fidelidade científica também se faz presente nessa reprodução alucinada do Gargântua, onde o campo gravitacional é capaz de impedir a passagem de luz e outras partículas. Novamente, foi Thorne quem ajudou a equipe de efeitos especiais. Eles gastaram mais de 100 horas realizando a renderização de algumas cenas do buraco, baseando tudo em uma equação oferecida pelo Nobel da Física.

“É muito fácil cair na armadilha de quebrar as regras da realidade”, contou Paul Franklin, supervisor sênior da empresa de efeitos ganhadora do Oscar, em entrevista à publicação Warped. “E essas regras são bastante rígidas.” Seja seguindo as ideias de Thorne ou de Einstein, Nolan e sua equipe conseguiram encontrar em Interestelar o balanço perfeito entre a ciência e a ficção científica. Talvez por isso ainda seja lembrado e celebrado dez anos após seu lançamento, um verdadeiro marco do gênero nas telonas.

 

  • Interestelar
  • 2014
  • 169 minutos
  • Indicado para maiores de 10 anos
  • Disponível no Max e no Prime

 

Fonte: Gazeta do Povo

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