Uma dúzia de países da América Latina está colaborando para lançar em setembro o Latam-GPT, o primeiro grande modelo de linguagem de inteligência artificial (IA) treinado para compreender as diversas culturas e nuances linguísticas da região, disseram autoridades chilenas na terça-feira (17).
Esse projeto de código aberto, liderado pelo Centro Nacional de Inteligência Artificial (Cenia), vinculado ao Governo do Chile, em parceria com mais de 30 instituições regionais, busca aumentar significativamente o uso e o acesso à IA em toda a América Latina.
A ministra chilena da Ciência, Aisén Etcheverry, afirmou que o projeto “pode ser um elemento democratizador da IA”, prevendo sua aplicação em escolas e hospitais com um modelo que reflita a cultura e o idioma locais.
Desenvolvido a partir de janeiro de 2023, o Latam-GPT busca superar imprecisões e limitações de desempenho dos modelos globais de IA predominantemente treinados em inglês. Autoridades explicaram que ele foi concebido para ser a tecnologia central no desenvolvimento de aplicações como “chatbots” (robôs de conversa), e não um concorrente direto de produtos voltados ao consumidor, como o ChatGPT.
Ferramenta de preservação de línguas indígenas
Um dos principais objetivos é a preservação de línguas indígenas, com um tradutor inicial já desenvolvido para o Rapa Nui, idioma nativo da Ilha de Páscoa. O projeto pretende estender esse recurso a outras línguas indígenas para aplicações como assistentes virtuais de atendimento público e sistemas educacionais personalizados.
O modelo é baseado na tecnologia de IA Llama 3 e está sendo treinado por meio de uma rede regional de computadores, incluindo instalações da Universidade de Tarapacá, no Chile, e sistemas em nuvem.
O banco de desenvolvimento regional CAF e a Amazon Web Services ofereceram apoio ao projeto. Embora ainda não tenha um orçamento próprio, o diretor do Cenia, Álvaro Soto, espera que a demonstração das capacidades do sistema atraia mais recursos.
Fonte: Reuters