Blockchain é uma tecnologia de registro digital descentralizado que permite armazenar dados de forma segura, transparente e imutável. Imagine um livro-razão distribuído entre diversos participantes, onde cada página (ou bloco) registra informações validadas coletivamente e conectadas umas às outras, criando uma cadeia de dados inviolável.
Sua estrutura garante que nenhuma informação possa ser alterada sem que toda a rede perceba. Essa combinação de descentralização, criptografia e consenso coletivo torna a blockchain uma ferramenta potente para garantir confiabilidade em transações digitais, contratos, registros públicos e rastreamento de ativos.
Inicialmente criada como a base do Bitcoin, a blockchain hoje é utilizada em setores como saúde, energia, educação, logística, setor público e financeiro, inclusive no Brasil.
O nascimento do Drex
Em resposta ao avanço dos pagamentos digitais e à necessidade de modernizar o sistema financeiro nacional, o Banco Central do Brasil iniciou, em 2020, estudos para lançar uma moeda digital oficial. Assim nasceu o Drex (sigla para “Digital Real X”), apresentado como a versão digital do real, com valor equivalente garantido pela autoridade monetária.
Diferente de criptomoedas como o Bitcoin, o Drex é uma CBDC (moeda digital emitida por Banco Central), ou seja, controlado e centralizado, com foco na estabilidade e na inclusão financeira. A proposta original incluía o uso de blockchain, contratos inteligentes e tokenização de ativos como parte fundamental da sua infraestrutura.
Mudança de rota: Drex sem Blockchain
Apesar do plano inicial, o lançamento do Drex previsto para 2026 ocorrerá sem o uso de blockchain ou tokenização em sua primeira fase. A decisão foi anunciada pelo Banco Central em agosto de 2025 e reflete uma mudança estratégica: de uma proposta voltada à inovação e ao uso direto pelo cidadão, para uma aplicação restrita ao sistema financeiro institucional.
Neste novo formato, o Drex funcionará como infraestrutura técnica para operações como a reconciliação de garantias de crédito entre instituições financeiras — um bastidor do sistema bancário, e não um meio de pagamento digital para o varejo.
Segundo o Banco Central, a escolha visa a mitigar riscos técnicos, a preservar a privacidade dos dados e a garantir escalabilidade do sistema. Embora a blockchain tenha ficado fora da primeira versão, sua adoção futura não está descartada: conforme a infraestrutura amadurecer, contratos inteligentes e tokenização poderão ser incorporados às fases seguintes do Drex.
Blockchain no Brasil além do Drex
Enquanto o Drex adota um caminho mais cauteloso, outros projetos públicos e privados seguem explorando o potencial da blockchain no país. Universidades emitem diplomas digitais, hospitais utilizam a tecnologia para prontuários médicos e governos estudam sua aplicação em registros de imóveis e licitações. Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Tribunal de Contas da União (TCU) coordenam a Rede Blockchain Brasil, voltada à gestão pública e à transparência.
Fonte: Época Negócios