O Spotify divulgou, nessa quinta-feira (25), mudanças em suas políticas de uso de inteligência artificial (IA) na música. A empresa afirma que o objetivo é proteger artistas de fraudes e práticas enganosas, além de oferecer mais clareza ao público sobre como a tecnologia é aplicada nas faixas disponíveis na plataforma.
A decisão vem em um momento de crescimento expressivo de músicas criadas por IA, que têm gerado debates entre criadores, gravadoras e serviços de streaming. Segundo o Spotify, a prioridade é incentivar a criatividade sem abrir espaço para abusos.
Quais são as mudanças?
Entre as novidades, a empresa confirmou três eixos principais:
– Regras mais rígidas contra imitação vocal;
– Implementação de um novo sistema de filtragem de spam;
– Adoção de padrões de mercado para divulgar o uso de IA nos créditos musicais.
No caso da imitação vocal, a prática já era proibida, mas agora o Spotify deixou mais claro como vai lidar com denúncias envolvendo deepfakes de voz. Segundo a plataforma, qualquer clonagem vocal só será permitida se o artista original autorizar o uso. Com isso, a empresa espera reduzir casos de exploração da identidade de músicos sem consentimento.
Outro ponto é o combate ao spam musical. Nos últimos 12 meses, o Spotify afirma ter removido 75 milhões de faixas consideradas fraudulentas. Para reforçar esse processo, a empresa lançará um filtro que deve identificar padrões de comportamento abusivo, como uploads em massa, duplicações de músicas e manipulação de metadados. Essas faixas não serão recomendadas aos usuários. A aplicação desse sistema deve ser expandida ao longo dos próximos meses.
O Spotify também vai aumentar a transparência sobre o uso de IA nas músicas. A plataforma adotará o padrão da organização DDEX, que orienta gravadoras, distribuidoras e parceiros a informar em quais elementos da faixa a inteligência artificial foi aplicada — incluindo vocais, instrumentos ou pós-produção.
O que muda para artistas e ouvintes?
Para os artistas, as mudanças significam maior proteção contra tentativas de fraude, como uploads de músicas em perfis alheios ou uso indevido de vozes clonadas. A empresa também promete agilizar processos de revisão quando houver denúncias de conteúdos fora do lugar, inclusive na fase de pré-lançamento.
Já para os ouvintes, a expectativa é de maior clareza sobre o que estão escutando. Sam Duboff, chefe global de marketing e políticas do Spotify, explicou que o uso da IA na música não deve ser tratado como um “tudo ou nada”.
“Sabemos que o uso da IA será cada vez mais um espectro, com artistas e produtores incorporando a tecnologia em diferentes etapas do processo criativo”, destacou. “Esse padrão da indústria permitirá descrições mais precisas e detalhadas, sem forçar uma classificação binária”.
Apesar da postura mais firme, o Spotify ressaltou que não pretende punir o uso legítimo de inteligência artificial. Pelo contrário: a empresa reforça que artistas são livres para adotar a tecnologia em seus processos criativos, caso façam isso de maneira responsável e transparente.
Fonte: Tecnoblog