ARACAJU/SE, 22 de outubro de 2024 , 16:28:29

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Artesãs de Divina Pastora se sentem honradas com homenagem à renda irlandesa no palco do Arraiá do Povo

 

A grande homenageada deste ano dos festejos juninos do Governo do Estado é a renda irlandesa, que é a inspiração para o palco principal do Arraiá do Povo. Saber centenário produzido por mãos femininas da cidade com nome celestial: Divina Pastora, localizada na região leste do estado. Por lá, fios e cordões viram peças reconhecidas como Patrimônio Imaterial de Sergipe e Patrimônio Cultural do Brasil.

Ao anunciar a homenagem, o governador Fábio Mitidieri ressaltou que as rendeiras ficariam felizes ao ver o palco todo iluminado com o desenho da renda irlandesa. E elas de fato ficaram gratas pelo gesto, como atesta a vice-presidente da Associação para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora (Asderen), Maria José Souza, conhecida como Zeza, para quem o ato é “um reconhecimento de um trabalho feito há mais de 200 anos”, enfatiza.

Zeza comenta que é fundamental ter um governo que apoia e valoriza a cultura do estado. “A renda irlandesa é única. Tem patrimônio que nenhuma outra tem, então ter essa visibilidade, esse reconhecimento, é muito bom. Espero que os próximos valorizem, porque é uma forma de incentivar a tradição, de divulgar para atrair turistas e compradores, gerando renda para nossas artesãs”, reforça.

Guardiãs

De Divina Pastora a renda irlandesa se difundiu para outros municípios sergipanos, principalmente Maruim, Laranjeiras e Nossa Senhora do Socorro. Mas são as artesãs divina-pastorenses as principais guardiãs do saber-fazer. A mestra Alzira Alves, aos 75 anos, ainda faz e ensina a renda irlandesa para quem estiver disposto a aprender. Ela começou a rendar aos 10 anos de idade, por incentivo do pai, um homem rígido, que colocou o bordado como alternativa para o trabalho no canavial. “Todos os bordados são bonitos né, mas a renda irlandesa toca mais”, considera.

Para Alzira, que criou os filhos com a renda dos bordados, a homenagem no palco do Arraiá do Povo é uma honra. “Será uma propaganda importante, eu mesma gostei da ideia, para ver se vem mais gente até aqui e tem mais saída pro nosso trabalho”, anseia.

A rendeira Maria de Fátima Menezes é apaixonada pelo ofício de rendar e diz que é uma justa homenagem o traçado da renda irlandesa estar tão em destaque no palco principal. “É um reconhecimento da nossa cultura, graças a Deus que hoje está sendo valorizada. A gente lutou muito por esse reconhecimento que hoje nós temos e a gente fica muito feliz de ver que a renda irlandesa está sendo destacada entre muitos artesanatos”, comemora, com um sorriso no rosto.

Vitrine de Sergipe

Registrada como bem imaterial no Livro dos Saberes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2009, a renda irlandesa projeta Sergipe para o Brasil e para o mundo. Um verdadeiro atrativo turístico, como confirmou o casal mineiro Rusilene Miranda e Leonardo Sampaio, da cidade de Belo Horizonte, que em sua primeira visita ao estado fez questão de conhecer Divina Pastora por causa da tradicional renda.

“Eu vinha para Sergipe, aí comecei a ler sobre o estado e o que tinha de atrativo e fiquei apaixonada pela renda irlandesa. Estamos hospedados em Aracaju, e resolveu passar o dia na cidade para conhecer a renda, e é muito mais bonita do que eu imaginava. Também estou encantada com a união das artesãs, tudo isso é muito rico para o município e para o Brasil inteiro”, considera Rusilene.

Política de governo

A homenagem é mais uma ação de incentivo do Governo que, desde o início da gestão, por meio da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem), fez do artesanato uma política de estado. Para o ano de 2024, estão previstas seis feiras nacionais, nas quais haverá a participação de artesãos sergipanos. A primeira já aconteceu em Brasília, no início de maio, e revelou um excelente resultado em relação ao ano anterior.

“Nós conseguimos bater uma meta ultrapassando quase cem por cento as expectativas em relação aquilo que a gente vendeu o ano passado, então chegamos perto de dobrar as vendas. Fruto de um processo que a gente chama de bastidores, que é pesquisar, fazer uma curadoria das peças, analisar o que o mercado está comprando. Nessa fase, a gente tem que estudar o mercado, para levar a mercadoria correta. Então a gente vem muito nessa organização”, Detalha a diretora de Artesanato da Seteem, Daiane Santana, destacando que a promoção do artesanato sergipano é uma política de governo que destaca a renda irlandesa e as demais técnicas e expressões.

Fonte: Secom

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