ARACAJU/SE, 23 de outubro de 2024 , 2:25:41

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Carnaval: Marquês de Sapucaí celebra 40 anos no Rio de Janeiro

 

Um livro a céu aberto. Assim pode ser definido o sambódromo do Rio de Janeiro. Há 40 anos, passam por lá as mais diferentes histórias contadas pelas Escolas de Samba em seus enredos. Com alegorias impressionantes, a festa ganha os olhos do mundo, todos os anos.

Como tudo começou

Os desfiles aconteciam em avenidas no centro da cidade do Rio de Janeiro até 1978. Chegaram à Avenida Marquês de Sapucaí, mas não tinham uma estrutura fixa. O jornalista e pesquisador Aydano André Motta explica que a construção de um local exclusivo profissionalizou a festa.

“Antes, o desfile era numa estrutura muito acanhada, provisória, montada e desmontada, ano a ano. Com o sambódromo, as escolas ganharam o seu endereço num território muito importante”.

O pesquisador diz que a Passarela do Samba é um terreiro. “Isso porque está ao lado da Praça Onze, onde Tia Ciata recebeu os sambistas e inaugurou essa saga carnavalesca, que é a melhor cara do Rio e do Brasil”, explica.

Cria do morro da Mangueira, Evelyn Bastos é rainha de bateria da Verde e Rosa e faz coro com Aydano. Para ela, a Sapucaí é um lugar de exaltação da cultura das favelas e das agremiações.

“Ter um palco para fazer brilhar esses artistas de favela, de subúrbio, é como se fosse um carinho especial e uma dose forte de valorização do samba, do povo do samba e também da história do samba”.

Avenida, Sapucaí, Templo do Samba, Altar do Samba? Os apelidos são muitos, mas o nome oficial do sambódromo é Passarela do Samba Professor Darcy Ribeiro. E não em vão. Então, o vice-governador do estado do Rio de Janeiro, Darcy, e Leonel Brizola, mandatário da época, anunciaram as obras em setembro de 1983 e em quatro meses foram concluídas. Oscar Niemeyer, amigo de Darcy, foi convidado para ser o arquiteto do projeto.

“Do ponto de vista da gestão pública, ele encerrou um gasto que era crescente, galopante, no monte e desmonte das estruturas para os desfiles. (O Sambódromo), junto com a Cidade do Samba, permitiu também o crescimento desse espetáculo deslumbrante que acontece hoje e tem repercussão planetária”, diz Aydano André.

Desfiles históricos

O final da década de 1980 e início da década de 1990, foi uma época de ouro do sambódromo. Foram narradas histórias que se eternizaram como grandes desfiles nesses 40 anos.

Entre os desfiles que ficaram na memória dos brasileiros estão “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”, da Beija-flor, em 1989, o quase tricampeonato da Mocidade Independente de Padre Miguel, com “Vira, Virou, a Mocidade Chegou” (1990- campeã), “Chuê, Chuá, as Águas Vão Rolar (1991- campeã), “Sonhar Não Custa Nada, ou Quase Nada” (1992- vice-campeã) e “Peguei um Ita no Norte”, do Salgueiro, campeão em 1993.

Para Neguinho da Beija-flor, no topo da lista está o desfile de 1989, “Ratos e Urubus”. “Foi o desfile que marcou o Joãozinho Trinta como o gênio do Carnaval. O rei de todos os carnavalescos”.

Tia Glorinha, responsável pela ala das baianas da Salgueiro, estava lá, em 1993. E contou como foi passar pela avenida com as arquibancadas inteiras cantando o samba-enredo que até hoje é lembrado do início ao fim, em ambientes diversos. “A minha maior alegria foi o enredo ‘Peguei um Ita no Norte. Do samba ‘Explode Coração’. Ali foi tudo de bom. Nós brincamos muito, nos divertimos muito, cantamos muito, e até hoje nós cantamos esse samba, em qualquer lugar que nós passamos esse samba é sempre lembrado”, disse.

Pé quente, Tia Glorinha fez seu primeiro desfile em 1963. Em sua estreia, ainda sem a existência do sambódromo, a escola foi campeã com um enredo histórico sobre Xica da Silva. De lá para cá, o frio na barriga ao entra na avenida não mudou.

Festa em dobro

Com 20 anos de sambódromo, o comprador Flávio Miguel desfila pela Mocidade Independente de Padre Miguel e em 2024, além de celebrar a criação do espaço, ele vai passar o aniversário fazendo o que mais gosta: desfilando. Nesta segunda-feira, 12 de fevereiro, quando a escola da zona oeste abrir o segundo dia dos desfiles, Flávio vai fazer a festa com o enredo “Pede Caju que dou… Pé de Caju que dá”.

Para o folião, neste ano a celebração será especial. “Para mim é um presente dobrado: comemorar mais um ano de vida, mais um Carnaval. Uma das coisas que eu mais amo na vida é vestir meu verde e branco e representar minha estrela-guia de Padre Miguel. Não preciso nem convidar ninguém, porque vai estar todo mundo lá se divertindo”, contou ele, que é diretor da ala Loucos de Paixão.

Quando os olhos do mundo se voltam para a Avenida Marquês de Sapucaí, Flávio define o que é passar pela avenida naqueles minutos contando uma história em forma de enredo. “Quando você vê aquele clarão, aquelas luzes, você se torna a verdadeira estrela daquela festa”.

Fonte: UOL

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