ARACAJU/SE, 18 de setembro de 2024 , 7:27:59

Neste sábado, 14 de setembro, é celebrado o Dia do Frevo, patrimônio da humanidade

 

Quem poderia imaginar uma dança frenética acompanhada de pequenas sombrinhas coloridas com origem de um movimento de resistência e a favor da democracia? Pois essa é a história do frevo, patrimônio cultural imaterial reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), celebrado neste dia 14 de setembro.

A expressão artística originária em Pernambuco, no século 19, é reconhecida como patrimônio da humanidade também pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Nasceu da disputa envolvendo bandas militares e negros recém-alforriados, misturando dança com movimentos da capoeira. E ganhou esse nome a partir verbo ferver (“frever”), resultado dos movimentos frenéticos e acelerados.

“O frevo, uma arte especialmente viva no carnaval de Pernambuco, reflete justamente a forma especial do nosso povo se manifestar, assegurando sua liberdade de pensamento por meio da arte”, destaca a ministra da Cultura, Margareth Menezes.

Presidente do Iphan, Leandro Grass, destaca que a preservação do frevo tem um importante espaço do Recife, no chamado Paço do Frevo, um museu aberto ao público e com preços populares. “No Dia Nacional do Frevo, reconhecemos a importância dessa manifestação tão característica de nossa cultura, que é um bem registrado como patrimônio cultural do Brasil. É, sem dúvida, uma de nossas mais ricas expressões culturais, enraizada em Pernambuco, mas que conquistou o Brasil inteiro”. O presidente do Iphan destaca, ainda, o edital do Programa Nacional de Patrimônio Imaterial (PNPI) – investimento de R$ 7,5 milhões, que visa ao desenvolvimento de projetos para salvaguarda do patrimônio cultural imaterial.

Origem

A historiadora Carmem Lélis, pesquisadora de cultura popular, explica a relação do frevo com a resistência, assim como inúmeras manifestações artísticas brasileiras. “Nossa forma de brincar vem da resistência do povo negro, vem da ocupação de ruas em busca de espaço como poder social. É uma luta racial e social. Brincamos para guerrear e guerreamos para brincar”, destaca.

Foi aos 8 anos que Rebeca Gondin, passista de frevo da Zona Norte de Recife, descobriu a expressão artística, em Olinda. Ela classifica o frevo como um olhar sobre o mundo, a partir da escuta e do comportamento resultante dessa escuta. “É uma forma de lutar. O frevo, para mim, é instrumento de transformação social, é um refúgio, nosso quilombo”, defende. Ela explica ainda ser necessário acabar com o estigma de que frevo acontece apenas no carnaval. “O frevo acontece todos os dias, é um poder racial e social”.

Considerada a mais antiga passista de frevo do Brasil, Zenaide Bezerra, 74 anos, foi a homenageada no carnaval de 2023 em Recife, ao lado do compositor Geraldo Azevedo e de Dona Marivalda, presidente do maracatu Estrela Brilhante. “Nunca poderia imaginar ser patrimônio vivo da cidade. Comecei aos 8 anos com meu pai e me renovo a cada apresentação”, conta ela, revelando que mal acaba um carnaval já começa a mobilização de toda a família pelo evento do ano seguinte.

Professora do Departamento de Música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maria Aida Barroso emociona-se ao ressaltar o impacto do Frevo Vassourinhas. “É um chamado impressionante de ver em Pernambuco. De repente, todo mundo se levanta e gera uma empolgação muito impactante”, conta.

Fonte: Ministério da Cultura

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