O número de brasileiros que decidiram empreender por conta própria nunca foi tão alto. De acordo com levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), somente no primeiro trimestre de 2025 foram abertos 1.407.010 novos CNPJs, dos quais 78% correspondem a microempreendedores individuais (MEIs). Em comparação com o mesmo período de 2024, houve um aumento de 35% no número de registros de MEIs, enquanto as micro e pequenas empresas cresceram 28%.
A formalização proporcionada pelo MEI transformou a realidade de milhões de empreendedores. Para Ênio Pinto, gerente de relacionamento com o cliente do Sebrae, em entrevista ao portal Sebrae, a modalidade foi um divisor de águas.
“A condição de MEI permite que você tire um empreendimento da informalidade, e, a partir do momento em que ele é formal, terá condição inclusive de ter notas fiscais, vender para outras empresas e para o próprio governo. Acho que a figura do MEI é um divisor de águas na economia brasileira, porque tira muita gente da informalidade e acelera o processo de empreendedorismo na economia como um todo”, diz Pinto.
Segundo ainda o Ministério da Fazenda, o país já soma 15,7 milhões de MEIs ativos, o que representa 73% de todas as empresas formais. Apesar de abrir portas para novos negócios, o crescimento acelerado desse público levanta preocupações sobre proteção social e aposentadoria. Diferentemente dos trabalhadores com carteira assinada, autônomos e MEIs precisam buscar alternativas próprias para garantir segurança financeira no futuro.
Planejar a aposentadoria
Grande parte dos empreendedores individuais não contribui regularmente para o INSS, seja por falta de informação, seja por priorizar custos imediatos. A ausência de contribuição pode resultar em dificuldades no futuro, quando surgir o desejo, ou a necessidade, de parar de trabalhar, por exemplo.
E embora o MEI possa contribuir com a Previdência Social, por meio de uma guia simplificada mensal, o valor recebido em aposentadorias tende a ser baixo, muitas vezes insuficiente para manter o padrão de vida. Nesse cenário, ganha força a busca por alternativas complementares.
Previdência privada como alternativa
Mais flexível que a pública, a previdência privada permite que o trabalhador autônomo defina aportes de acordo com sua realidade financeira e escolha entre diferentes modalidades de investimento.
Entender a previdência privada e como funciona pode ser um passo importante para esse público. Ela pode ser usada tanto como complemento da aposentadoria oficial quanto como principal fonte de renda futura, dependendo do valor investido e da disciplina dos aportes. Além disso, alguns planos oferecem benefícios tributários que ajudam a reduzir o impacto dos impostos em longo prazo.
Como começar a se preparar
O primeiro passo é mapear as despesas e definir metas de curto, médio e longo prazo. A partir daí, é possível calcular quanto deve ser poupado mensalmente para alcançar a independência financeira.
Outra recomendação é diversificar os investimentos. Além da previdência privada, aplicações em renda fixa, fundos imobiliários e até mesmo a criação de um negócio rentável que funcione de forma independente do trabalho ativo do empreendedor podem compor a estratégia.
Reservar uma porcentagem fixa da renda mensal para poupança e investimentos também ajuda a criar disciplina. Segundo especialistas consultados pelo blog do Nubank, quem começa cedo consegue aproveitar melhor os efeitos dos juros compostos, que multiplicam o valor investido ao longo dos anos