O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê um volume recorde de financiamentos em 2025 voltados à concessão de rodovias. O banco já soma um total de R$ 25 bilhões em negociação para concessões já realizadas, e prevê que o valor deve avançar para até R$ 30 bilhões.
A informação foi confirmada pela diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa. “Vamos superar o resultado de 2024, quando já tínhamos batido recorde neste setor, com R$ 23,5 bilhões em financiamentos”, disse Costa.
O resultado de 2024 superou o valor total que o banco havia liberado para rodovias nos nove anos anteriores, de 2015 a 2023, período em que o montante atingiu R$ 23 bilhões para financiar concessões de estradas federais.
Nessa terça-feira (18), o BNDES enviou uma carta ao mercado detalhando as condições de apoio financeiro para a concessão da BR-364/RO, entre Porto Velho e Vilhena, em Rondônia, conhecida como “Rota Agro Norte”.
O documento é o primeiro a prever uma garantia para proteger investidores de eventuais variações de taxas de juros, atualmente uma das maiores preocupações do cenário econômico que podem afetar o interesse nas concessões de infraestrutura.
Até então, o concessionário que vencesse um leilão tendo como base da proposta a taxa de juros daquele momento corria o risco de encarar um cenário de juros menos favorável quando fosse tomar o crédito com o BNDES, tempos depois. Em muitos casos, entre o leilão e a assinatura de um financiamento com o banco, há um intervalo de um a dois anos.
Com a mudança na lei, os financiamentos do BNDES ficam atrelados à taxa de juros vigente no momento do leilão caso ocorra um aumento até a assinatura o contrato. Se a taxa cair, a concessionária tem o benefício de ficar com o menor índice.
“Acreditamos que essa medida vai ter papel crucial para proteger o setor privado”, disse Felipe Borim, superintendente de Infraestrutura do BNDES.
Nos cálculos do banco estatal, as operações fechadas com as rodovias no ano passado envolvem a ampliação de capacidade em trechos que somam 1.880 km de extensão.
A nova concessão da via Dutra foi a maior operação de crédito rodoviário e emissão de debêntures da história, com valor de R$ 9,4 bilhões. O projeto envolve obras como a construção de uma nova subida na serra das Araras, 600 km em pistas adicionais e implantação de “free flow”, o pagamento da tarifa de pedágio de forma automática.
No caso da BR-163, o BNDES aprovou R$ 5,05 bilhões para a concessionária Nova Rota do Oeste duplicar 444 km da rodovia, que é o principal corredor logístico do agronegócio. Em dezembro de 2024, o banco também autorizou o apoio de R$ 6,4 bilhões à concessionária EPR Litoral Pioneiro, responsável por administrar 605 km de rodovias que conectam as regiões do Litoral, Campos Gerais e Norte Pioneiro do Estado do Paraná.
O Ministério dos Transportes já anunciou que pretende fazer 15 leilões de rodovias neste ano, entre trechos que tiveram contratos repactuados e novos traçados que serão oferecidos à iniciativa privada.
Além do leilão da BR-364, marcado para o dia 27 de fevereiro, estão no cronograma outros seis leilões ainda no primeiro semestre de 2025. Dois deles devem ocorrer em abril: a ponte binacional São Borja-São Tomé e a BR-040, entre Juiz de Fora (MG) e Rio de Janeiro (RJ).
Quatro leilões estão marcados para maio: Rota da Celulose, em Mato Grosso do Sul; BR-101 entre Espírito Santo e Bahia; Autopista Fluminense no Rio de Janeiro; e BR-163 no Mato Grosso do Sul.
Fonte: Folha de S.Paulo