Guerras, inflação em alta, juros subindo e tensão entre grandes potências, além da pandemia de Covid-19, fizeram com que os bancos centrais de países emergentes e grandes potências reforçassem seus estoques de proteção em um ativo que nunca sai de moda: o ouro. Desde 2022, o metal tem sido adquirido em amplos volumes, na busca por solidez e reserva.
“Este é um clássico. Sempre que o mundo começa a desandar, o ouro salta. O ouro é aquele ativo que não depende de ninguém, nem de governo, nem de banco, nem de contrato”, afirma Raul Senna, educador financeiro e CEO da consultoria de investimentos AUVP Capital.
No pós-pandemia, e com o início da guerra na Ucrânia, em face das sanções e do congelamento de ativos aplicados à Rússia, alguns países optaram por reduzir a dependência do dólar, fazendo do ouro uma escolha natural para diversificar suas reservas, em um movimento protetivo.
A tendência se manteve em 2023 e 2024, principalmente após a eleição de Donald Trump, quando se iniciou uma nova corrida pelo ouro, por causa da volatilidade apresentada pelos mercados em face das altas tarifárias de sua segunda gestão e, mais recentemente, em razão da escalada nas tensões no Oriente Médio.
“O ouro voltou com força nos últimos anos porque estamos vivendo uma era de incertezas. Ele é um bem real, escasso e tem um histórico de valorização em momentos de crise”, disse Sabrina Gravatá Fragomeni, responsável pela área de desenvolvimento de negócios da Global X ETFs.
Segundo relatório do JP Morgan, no terceiro trimestre deste ano o valor do ouro pode chegar a US$ 4 mil por onça-troy. Além disso, a sinalização do Federal Reserve de uma possível redução na taxa de juros dos EUA pode manter alto o interesse no metal: historicamente, o ouro se beneficia com o abrandamento das políticas monetárias.
A queda de 10% no valor do dólar no primeiro semestre deste ano também aponta para a crescente valorização do metal. Nas estimativas do banco americano, a demanda dos bancos centrais pelo ouro deve seguir em torno de 710 toneladas por trimestre este ano.
E não são somente os bancos centrais que estão mirando no ouro. O governador da Flórida, Ron DeSantis, assinou uma lei no dia 26 de junho permitindo que o ouro e a prata sejam utilizados como meio de pagamento no estado. A nova regra começou a valer no dia 1.º de julho.
Ao justificar a medida em suas redes sociais, o governador afirmou que o estado defende a liberdade, a autodeterminação econômica e a resistência à interferência do governo. O estado de Utah, por sua vez, implementou ainda em 2011 uma lei para reconhecer o ouro e a prata como moedas legais.
FONTE GAZETA DO POVO