A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) apresentou um convite formal para que o Brasil faça parte do bloco, na condição de membro associado. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o governo avalia a possibilidade.
O prazo é curto, pois a parceria teria início em janeiro de 2024. O tema será debatido pelos ministérios de Minas e Energia, Fazenda, Meio Ambiente e Relações Exteriores, mas a decisão caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo Silveira, o convite foi feito pela Arábia Saudita durante visita de Lula a Riad. “É importante esclarecer à sociedade brasileira que existe um caminho a ser percorrido, que é a análise dos termos de participação na Opep. Não há compromissos com cortes de produção. Os países da Opep apenas participam de uma plataforma de discussão”, afirmou Silveira, em Dubai, onde participa da 28ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP28.
Os países-membros da Opep têm obrigações a cumprir, como o aumento ou a redução da produção de petróleo. Na Opep+ , grupo formado por 23 nações entre membros e aliados, os participantes não integram a organização propriamente, mas atuam de forma conjunta em algumas políticas internacionais ligadas ao comércio de petróleo.
O ministro reforçou que uma eventual entrada do Brasil no grupo não significa compromisso com cortes de produção. “A Opep é uma plataforma de discussão da indústria petroleira, onde poderemos discutir transição energética”, disse Silveira. Ele afirmou que o país tem grande potencial para expandir a produção e o uso de biocombustíveis, e mencionou a participação de nações como Rússia e Cazaquistão.
Ação diplomática
Na avaliação da casa de análise financeira EQI Research, uma possível adesão ao movimento seria por questões diplomáticas. Isso porque, apesar de ser um grande produtor, o Brasil não é um grande exportador de petróleo, pois consome a maioria da sua produção. “Vemos a adesão à Opep como movimento mais diplomático do que efetivamente econômico, com o objetivo de aumentar a presença do país em fóruns mundiais relevantes”, destacou, em nota.
O Brasil já havia sido convidado para participar do grupo em 2019. À época, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o convite informal havia partido da Arábia Saudita. A parceria é controversa, pois pode colocar em risco a posição do país como um interlocutor com os Estados Unidos.
Fonte: Correio Braziliense