ARACAJU/SE, 27 de outubro de 2025 , 18:32:11

Brasil lidera número de padarias independentes no mundo

 

Mesmo com a necessidade de importar trigo para abastecer seus fornos, o Brasil abriga o maior número de padarias independentes do mundo. São 70.235 estabelecimentos, responsáveis por US$ 5,12 bilhões em faturamento em 2024, segundo levantamento da Euromonitor International, encomendado pela Feira de Panificação e Confeitaria da América Latina (Fipan), promovida pela Associação dos Industriais de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sampapão).

O estudo projeta que o setor chegará a 72.179 unidades em 2027, com crescimento médio anual de 2,9%, alcançando R$ 31,1 bilhões em faturamento.

A pesquisa define as padarias independentes como negócios familiares ou de pequeno porte, com até dez pontos de venda, que produzem e vendem pães, sanduíches e outros produtos à base de trigo. Cerca de 87% do que é vendido nesses locais é produzido pelas próprias padarias, ainda que produtos congelados e industrializados ganhem espaço.

Enquanto o país lidera o número de padarias, não produz trigo suficiente para o próprio consumo. Agentes do setor estimam que o Brasil precisará importar cerca de 7 milhões de toneladas na safra atual para atender à demanda. Enquanto isso, a indústria moageira vem passando por mudanças para acompanhar novos padrões de consumo.

Inovação

Durante o Congresso Internacional da Indústria do Trigo, no Rio de Janeiro, o francês Didier Rosada, vice-presidente da Uptown Bakeries/ Red Brick Consulting (EUA), afirmou que a moagem precisa deixar de ser apenas fornecedora e assumir uma função de parceira na inovação.

Segundo Rosada, os hábitos de consumo mudam rapidamente, enquanto os consumidores buscam produtos mais saudáveis, sustentáveis e personalizados. Assim, em sua avaliação, a indústria moageira deve se adaptar a essas novas exigências.

Ele defende que os moinhos adotem rastreamento digital, embalagens ecológicas e diversificação de portfólio, além de oferecer capacitação técnica e apoio em inovação. Entre as tendências que devem se fortalecer, ele citou pães funcionais, produtos feitos com métodos tradicionais de panificação, snacks com fusão de sabores internacionais e maior investimento em tecnologia dentro das padarias.

Mudanças no consumo

Para Pery Carvalho, fundador da Bioalimentos Consultores Associados, o comportamento do consumidor, em meio à urbanização e à rotina acelerada, exigem variedade e frescor. A indústria de congelados e as farinhas customizadas terão papel importante nesse cenário, em sua avaliação.

Mas, para atender a essa procura, “as farinhas do futuro tenderão a ser, cada vez mais, tipificadas e customizadas para atender às indústrias artesanais e automatizadas, sejam elas tradicionais e/ou especializadas em congelados”, disse.

O estudo mostra que o brasileiro visita a padaria, em média, 14 vezes por ano, número que deve subir para 15 até 2027. Em 2024, as padarias registraram 2,4 bilhões de compras, o equivalente a 10% de todas as transações do food service nacional.

As regiões Sul e Sudeste concentram mercados maduros, que precisarão inovar para continuar crescendo, enquanto o Nordeste aparece como o segundo maior mercado em número de padarias, e com potencial ainda não explorado.

Apesar da presença constante do pão na mesa, o consumo vem se ajustando. Uma pesquisa do Datafolha de 2021 revelou que 41% dos brasileiros reduziram o consumo de pães tradicionais, como o francês e o de forma, principalmente por motivos de orçamento e de busca por alimentação mais saudável. Nos últimos três anos, o pão industrializado cresceu, em média, 2,8% ao ano, enquanto o pão fresco avançou 1,7%.

Fonte: Globo Rural

 

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