A seis meses da entrada em vigor da lei antidesmatamento da União Europeia (EUDR), o setor cafeeiro brasileiro se reuniu para discutir os rumos do comércio internacional, especialmente diante de um ano marcado por desafios econômicos, climáticos e regulatórios.
Durante o 10º Coffee Dinner & Summit, promovido pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em Campinas (SP), lideranças da cadeia produtiva destacaram o esforço do setor para atender às exigências dos mercados mais rigorosos.
Na abertura do evento, produtores e traders brasileiros serviram cafés especiais de tipo reserva a convidados europeus, reforçando a imagem do Brasil como fornecedor confiável e de alta qualidade.
“O avanço do consumo está promovendo uma mudança substancial na geografia da demanda global, o que tem incentivado produtores a investir em rastreabilidade, com foco em garantir um retorno justo”, afirmou Márcio Ferreira, presidente do Conselho Deliberativo do Cecafé.
A regulamentação europeia, que exigirá comprovação de origem livre de desmatamento para produtos como café, impõe um novo paradigma para o comércio global. Embora a implementação da EUDR tenha sido postergada, o desafio permanece. A Europa, principal destino do café brasileiro, continua no centro das atenções do setor.
Ferreira destacou que, mesmo com as incertezas regulatórias, o Brasil se consolidou como líder absoluto na cadeia global do café. A área cultivada no país é hoje 52% maior do que na década de 1960, enquanto a produtividade aumentou mais de 400% no mesmo período. “O Brasil superou desafios históricos e hoje fomenta negócios com base em sustentabilidade, tecnologia e eficiência logística”, disse.
As exportações brasileiras de café para a União Europeia somaram 23,6 milhões de sacas no último ciclo (2024), representando 43% dos embarques totais. Praticamente todo esse volume — cerca de 99% — foi comercializado por meio de cooperativas, que têm reforçado sua atuação com foco em rastreabilidade e práticas sustentáveis.
Além das exigências europeias, os produtores também estão atentos à expansão de mercados emergentes, como o asiático, e às mudanças no padrão de consumo global, que demandam cafés diferenciados e maior transparência em toda a cadeia.
Fonte: Globo Rural