ARACAJU/SE, 2 de julho de 2025 , 22:26:08

Campos Neto assume cargo no Nubank seis meses após deixar presidência do Banco Central

 

Roberto Campos Neto, que deixou a presidência do Banco Central (BC) em 31 de dezembro de 2024, começou a trabalhar, nessa terça-feira (1º), no Nubank, passado o período obrigatório de quarentena. Ele vai ocupar o cargo de vice-presidente e chefe global de políticas públicas, além de ter um assento no conselho de administração.

Desde que deixou o BC, havia especulações de que Campos Neto poderia ter algum tipo de papel em uma fintech. À frente do BC, Campos Neto deu impulso à agenda de inovação iniciada pelo antecessor, Ilan Goldfajn. Sempre demonstrou interesse pela tecnologia e participou de discussões globais sobre temas como moedas digitais de bancos centrais.

Reportando-se diretamente a David Vélez, fundador e CEO do Nubank, o banco diz que o executivo apoiará o programa de expansão internacional e o relacionamento com reguladores financeiros globais, além de representar a instituição em fóruns e conselhos internacionais e elevar a análise econômica e de risco para as operações do Nubank no Brasil e na América Latina.

O anúncio da contratação de Campos Neto pelo Nubank, em maio, gerou polêmica no mercado, pois não é comum um ex-presidente do BC ir direto trabalhar para a iniciativa privada, atuando em um banco que poucos meses antes supervisionava e possuindo amplo conhecimento da atuação dos rivais.

Goldfajn e Alexandre Tombini foram para organismos multilaterais. Henrique Meirelles passou pela Autoridade Pública Olímpica antes de enveredar pela política e ter uma consultoria. Armínio Fraga e Gustavo Franco criaram as próprias gestoras.

A movimentação de Campos Neto também gerou um desconforto no setor financeiro. Segundo relatos, logo após deixar o BC, ele fez campanha para que Ana Carla Abrão fosse eleita como CEO da associação do open finance. O problema é que ela foi indicada pela Zetta, que é presidida pelo Nubank, e quando foi anunciado que Campos Neto iria para o banco, alguns participantes que trocaram de voto em função da sua campanha se sentiram traídos.

A questão, obviamente, não tem nada a ver com a capacidade de Ana Carla, que tem muita experiência na área e um currículo bastante respeitado, mas mostra os questionamentos que Campos Neto terá de enfrentar ao se transferir tão rapidamente do cargo de supervisor para de supervisionado.

Fonte: Valor Econômico

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