ARACAJU/SE, 7 de julho de 2024 , 4:33:00

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CEOs das maiores empresas de capital aberto ganham até R$ 68 milhões por ano; confira lista

 

Os presidentes das 83 empresas de capital aberto que integram hoje o Ibovespa – o índice das ações mais negociadas da Bolsa, que reúne as companhias mais importantes do mercado de capitais brasileiro – ganham em média R$ 15,3 milhões ao ano cada um.

Mas existem CEOs que podem receber mais do que quatro vezes essa média, conforme levantamento feito com exclusividade para a Folha pelo consultor em governança corporativa Renato Chaves, com base nas informações que constam nos formulários de referência enviados pelas próprias companhias todos os anos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que indicam a remuneração anual dos executivos.

Segundo a pesquisa, os CEOs mais bem pagos do Ibovespa pertencem ao Itaú Unibanco (R$ 67,7 milhões de remuneração anual), Hapvida (R$ 67,4 milhões), JBS (R$ 58,1 milhões), Vale (R$ 52,6 milhões) e Prio (ex-Petrorio, R$ 40,6 milhões).

Completam o ranking dos 10 CEOs com a maior remuneração entre as empresas do Ibovespa os dirigentes da Localiza (R$ 38,5 milhões), Cosan (R$ 38,2 milhões), B3 (R$ 37,6 milhões), Suzano (R$ 37,5 milhões) e Natura&Co (R$ 33,5 milhões).

Pela legislação das companhias abertas, as empresas precisam enviar à CVM quais os três patamares de remuneração pagos à diretoria (o maior, o menor e o médio). Devem fornecer as mesmas informações em relação à remuneração do conselho.

“Não é aberto o CPF do detentor de cada salário, a legislação não exige isso”, diz Chaves, mestre em contabilidade. “Mas é de praxe que, na estrutura organizacional de uma empresa, a maior remuneração seja a do líder: no caso da diretoria, é a do CEO e, no conselho, a do chairman, o presidente do conselho de administração”.

Os CEOs de companhias abertas mais bem pagos do país

Levantamento do consultor Renato Chaves considerou o ganho anual dos executivos que comandam empresas listadas no Ibovespa.

  1. Milton Maluhy Filho: Itaú Unibanco
  2. Jorge Fontoura Pinheiro Koren de Lima: Hapvida
  3. Gilberto Tomazoni: JBS
  4. Eduardo Bartolomeo: Vale
  5. Roberto Monteiro: Prio
  6. Bruno Lasansky: Localiza
  7. Nelson Gomes: Cosan
  8. Gilson Finkelsztain: B3
  9. Walter Schalka: Suzano
  10. Fábio Barbosa: Natura&Co

Cinco dos CEOs com a maior remuneração entre as empresas do Ibovespa também dirigem companhias que apresentam as maiores disparidades salariais do índice. São elas: JBS (o maior salário da empresa é 1.100 vezes superior ao da média salarial do grupo), Localiza (559 vezes), Vale (515 vezes), Hapvida (494,4) e Suzano (471). Essas proporções são muito superiores às da média do Ibovespa, onde a relação entre o maior salário e a média paga à equipe está em 184,5 vezes.

Quando se trata de remuneração do alto escalão, são considerados salário fixo, salário variável (bônus e participação nos lucros), plano de ações (stock options) e benefícios pagos no ano. “Em alguns casos, a empresa paga também o ‘pós-emprego’, uma espécie de quarentena antecipada para que o executivo não vá para a concorrência”, diz Renato Chaves.

Já quando se trata de presidente do conselho de administração, os mais bem remunerados são da Raízen (R$ 57,4 milhões), Rede D’Or (R$ 37,2 milhões), Hapvida (R$ 29,2 milhões), Itaú Unibanco (R$ 18,5 milhões) e Pão de Açúcar (R$ 16,8 milhões). Entre as companhias que integram o Ibovespa, o chairman ganha, em média, R$ 4,4 milhões.

No caso da Rede D’Or, porém, a Folha apurou que o maior salário pertence na verdade a um dos conselheiros, que ganha mais que o chairman e o próprio CEO da companhia.

No geral, o CEO ganha bem mais que o chairman. Considerando as médias das empresas do Ibovespa apontadas na pesquisa, mais do que o triplo: R$ 15,3 milhões do CEO versus R$ 4,4 milhões do presidente do conselho. Mas existem exceções.

Nos casos de BTG, Iguatemi, Renner, MRV, Pão de Açúcar, Raízen e WEG, o chairman tem uma remuneração maior que a do presidente executivo da companhia, diz Chaves. “É algo incomum”.

Os bancos estão no topo do ranking das empresas com as diretorias (CEOs e diretores) mais bem remuneradas. São os casos de Bradesco (R$ 732,3 milhões), Itaú Unibanco (R$ 553,9 milhões) e Santander Brasil (R$ 387,2 milhões). Completam o “top 5” a Vale (R$ 168,9 milhões) e a B3 (R$ 118,9 milhões). Na média do Ibovespa, cada diretoria ganha R$ 58,3 milhões ao ano.

Já quanto ao conselho de administração (chairman e conselheiros), os mais bem remunerados pertencem à Raízen (R$ 75,6 milhões), Itaú Unibanco (R$ 69,5 milhões), Hapvida (R$ 67,1 milhões), Bradesco (R$ 60,8 milhões), e Rede D’Or (R$ 40 milhões). Os conselhos das empresas listadas no Ibovespa ganham, em média, R$ 11,4 milhões ao ano.

É preciso ressaltar, porém, que no Ibovespa estão empresas de diferentes portes, que, por consequência, oferecem patamares distintos de remuneração.

O Itaú Unibanco, por exemplo, o maior banco privado do país, faturou só com receitas de serviços e seguros R$ 51,2 bilhões no ano passado. Já a varejista de produtos para animais de estimação Petz registrou receita líquida de R$ 3,1 bilhões em 2023.

Por isso, segundo Renato Chaves, a razão entre a maior remuneração paga pela companhia e a média que os seus colabores recebem é um importante indicador de governança corporativa, ao apontar o quanto a empresa está preocupada com uma gestão igualitária, capaz de remunerar suas equipes de maneira justa.

Fonte: Folha de S.Paulo

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