ARACAJU/SE, 18 de setembro de 2024 , 19:39:37

Com possível alta da taxa Selic, renda fixa domina ranking de ativos mais buscados

 

No último mês, os sinais de preocupação do Banco Central com a inflação ficaram mais fortes. Não à toa, os próprios dirigentes da autoridade monetária começaram a falar mais abertamente das chances de alta da Selic e, com isso, todo o mercado já passou a apostar em uma nova alta dos juros. Consequentemente, a renda fixa voltou ao radar dos investidores com força total. O levantamento mensal feito pelo buscador de investimentos Yubb mostrou que o topo do ranking dos dez ativos mais buscados ficou por conta da renda fixa. Nem mesmo um Ibovespa no azul no último mês foi capaz de desviar a atenção dos investidores da classe mais conservadora.

No mês de julho, o “vai não vai” do bitcoin colocou as criptomoedas em evidência a ponto de elas ocuparem a terceira posição na lista dos investimentos mais procurados. Em agosto, no entanto, os ativos de renda variável só foram aparecer no top dez a partir da quinta colocação.

A liderança continuou por conta dos CDBs, que ocupam a primeira colocação desde o mês de abril. Além deles, outros investimentos conservadores ocuparam as primeiras colocações. Os títulos públicos vendidos pelo Tesouro Direto, por exemplo, saíram da quarta para a segunda posição. Já as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), caíram da vice-liderança para o terceiro lugar. Na quarta posição, surgiram as letras de câmbio (LCs) e os Recibos de Depósito Bancário (RDBs), que subiram uma posição no ranking na passagem de julho para agosto.

O crescimento do interesse pela renda fixa vem justamente do cenário de juros mais altos no Brasil. Se esses ativos já estavam em evidência com a Selic parada em 10,5% ao ano, agora que as projeções apontam para uma nova alta da taxa básica de juros, eles entram ainda mais nos holofotes.

Isso acontece porque muitos ativos dessa classe têm suas rentabilidades atreladas à Selic. Portanto, quando há perspectivas de que ela fique mais alta, o rendimento desses investimentos também sobe.

Com isso, os ativos de renda variável só foram aparecer no ranking a partir da quinta posição, que foi ocupada pelos fundos imobiliários (FIIs). Em julho, eles estavam no sétimo lugar do ranking. Na sequência, vieram os fundos multimercados, que se mantiveram na mesma posição na passagem de julho para agosto. Em sétimo lugar, estavam os fundos de índices (ETFs) que subiram uma posição na passagem do mês.

Só então, em oitavo lugar, apareceram as criptomoedas, que em julho estavam na terceira posição. É importante lembrar que, no mês passado, o bitcoin (representante mais popular da classe das criptomoedas) sofreu com uma nova queda, o que pode justificar o desinteresse dos investidores.

Por fim, nas duas últimas colocações do top 10 estavam as ações, em nono lugar, e os fundos de ações, em décimo (posição inversa ao que tinham em julho). Isso mostra, portanto, que nem mesmo o agosto positivo do Ibovespa foi o suficiente para ofuscar o brilho que uma possível Selic mais alta emite aos investidores.

Entenda como funciona cada um dos investimentos mais procurados

1 – CDBs

Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) funcionam como um “empréstimo” do investidor ao banco que emite aquele papel. A rentabilidade mais comum é atrelada ao rendimento do CDI (Certificado Depósito Interbancário, taxa que segue de perto a Selic). Os bancos maiores e mais tradicionais normalmente oferecem uma remuneração abaixo ou no máximo igual ao 100% do CDI para produtos com liquidez, por terem menor risco. Já os bancos pequenos e médios podem pagar até mais de 120% do CDI. Essa rentabilidade é pré-determinada. Portanto, você sabe o tamanho da parcela que receberá sobre o CDI no momento em que investir.

Há também os CDBs pós-fixados e os que pagam um juro real acima do IPCA. Nesses dois casos, o investidor costuma abrir mão de liquidez em troca de uma perspectiva de ganho levemente acima do CDI.

2 – Tesouro Direto

Os títulos públicos negociados pela plataforma on-line do Tesouro Direto são títulos de dívida emitidos pelo governo para financiar suas atividades. Eles funcionam como um empréstimo do investidor ao próprio governo brasileiro, que vai devolver o valor no futuro, acrescido de juros.

Os títulos do Tesouro podem ser prefixados (em que o rendimento nominal já é determinado na hora da compra), pós-fixados (em que o retorno é atrelado à Selic, seja ela qual for) ou híbrido, com uma parcela pós-fixado indexado ao IPCA (no qual o rendimento acompanha a variação da inflação) mais um componente de juro real fixo.

3 – LCIs e LCAs

As letras de crédito imobiliário (LCIs) e as letras de crédito do agronegócio (LCAs) são títulos de crédito emitidos por instituições financeiras para financiar atividades do setor imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA).

Para o investidor esses ativos são semelhantes a um CDB, com a diferença de serem isentos de Imposto de Renda e normalmente terem um prazo mínimo de carência, sem possibilidade de resgate.

4 – LCs e RDBs

As letras de câmbio (LCs) e os Recibos de Depósito Bancário (RDBs) têm uma lógica semelhante à dos CDBs. Nesse caso, no entanto, eles são emitidos por instituições financeiras que não são bancos tradicionais, e normalmente não dão liquidez antes do vencimento. Portanto, o investidor precisa esperar finalizar o prazo para ter seu dinheiro de volta.

5 – Fundos imobiliários

Esses fundos funcionam como uma espécie de “condomínio” de investidores que reúnem seus recursos para aplicar, juntos, no mercado imobiliário.

O montante pode ser usado na construção ou compra de imóveis, que depois serão alugados ou arrendados e os ganhos obtidos nisso são divididos entre aqueles investidores, respeitando a proporção que cada investidor aplicou. Esses são chamados “fundos de tijolo”

Há um outro tipo em que o dinheiro é aplicado em títulos ligados ao mercado imobiliário, como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Letras Hipotecárias (LHs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ou até mesmo em cotas de outros fundos imobiliários. Esses tipos são chamados de “fundos de papel”.

6 – Fundos multimercados

Os fundos multimercados são como uma “cesta de ativos” que pode conter diferentes tipos de papéis. Portanto, pode haver dentro daquele pacote papéis como ações, títulos públicos, dólar, contratos de juros etc. Eles são escolhidos por um gestor profissional, que é remunerado com parte das taxas que os investidores pagam para ter o seu dinheiro naquele fundo.

7 – Fundos de índices (ETFs)

Esses fundos têm gestão passiva e acompanham a composição de um determinado índice negociado na bolsa brasileira ou estrangeira. Esses índices podem ser de ações ou renda fixa.

Justamente por ter gestão passiva (ou seja, “exigir menos trabalho do gestor”) eles costumam ter uma taxa de administração mais barata para os investidores.

8 – Criptomoedas

Esses investimentos são um tipo de ativo digital e de negociação descentralizada (ou seja, elas não são emitidas por nenhum governo ou banco central). Além de funcionar como um “dinheiro”, podendo ser usado na compra de produtos e serviços, elas também funcionam como um investimento, uma vez que seu valor de mercado muda de acordo com alguns critérios, sendo o principal deles a oferta e a demanda.

9 – Ações

As ações negociadas na bolsa de valores funcionam como se o investidor tivesse uma pequena participação daquela companhia. Portanto, cada papel (como também são chamadas as ações) é como se fosse um “pedaço” daquela empresa. As ações podem ser preferenciais ou ordinárias.

Quem tem ações ordinárias tem direito de voto nas assembleias de acionistas. Normalmente os acionistas recebem um voto por ação para eleger os membros do conselho que supervisionam a administração. Já quem tem as ações preferenciais, tem maiores direitos sobre os lucros e ativos de uma empresa.

10 – Fundos de ações

Como o próprio nome sugere, esses fundos têm a maior parte de sua “cesta” composta por ações escolhidas por aquele gestor.

Fonte: Valor Investe

 

 

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