ARACAJU/SE, 27 de junho de 2025 , 18:17:48

Confiança: papel crucial para conselheiros de empresas familiares

 

*Por Cícero Rocha, fundador do Instituto Empresariar e ativista de Empresas Familiares

A governança de empresas familiares apresenta desafios únicos que vão além das práticas convencionais de gestão. Para profissionais como conselheiros, advogados, contadoras, consultores, um dos maiores desafios é construir e manter um alto nível de confiança. Assim como nas equipes de elite de um exército, onde a confiança é fundamental para o sucesso coletivo, na governança de empresas familiares a confiança é o alicerce que suporta todas as decisões estratégicas e operacionais.

A importância da confiança

Em ambientes onde as relações pessoais e profissionais estão profundamente entrelaçadas, a confiança é mais do que um valor ético, é uma necessidade operacional crítica. Sem confiança, cada decisão, grande ou pequena, pode ser envolvida em dúvidas e disputas, consumindo tempo e energia valiosos. Além disso, a falta de confiança pode levar a um ciclo vicioso de micro management e resistência às diretrizes, o que pode retardar a inovação e a adaptação às mudanças do mercado.

Para enriquecer ainda mais a discussão sobre a importância da confiança na governança de empresas familiares, vale a pena mencionar a perspectiva de Stephen M. R. Covey, autor do renomado livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”. Covey enfatiza que “a confiança é a cola da vida. É o ingrediente mais essencial na comunicação eficaz. É o princípio fundamental que sustenta todos os relacionamentos verdadeiros”. Ele argumenta que a confiança é tanto um elemento fundamental quanto um resultado de relações autênticas e transparentes. Covey sugere que, para construir confiança, é necessário demonstrar integridade e honestidade consistentes, além de abrir espaço para vulnerabilidade e entendimento mútuo. A adoção desses princípios pode transformar radicalmente a dinâmica dentro de um conselho familiar não apenas aumentando a eficácia da governança, mas também fortalecendo os laços familiares que sustentam a empresa.

Construindo confiança eficazmente

a) Caráter e transparência: ser aberto sobre os desafios, assim como sobre os sucessos, é vital. Comunicar as más notícias com a mesma frequência e honestidade das boas cria um ambiente onde as pessoas sentem que estão sendo tratadas com respeito e consideração. Isso reforça a confiança na liderança e na direção da empresa.

b) Consistência nas ações: cumprir o que foi prometido é uma das maneiras mais eficazes de construir confiança. Isso significa evitar promessas vazias e focar em compromissos realistas. Os líderes devem ser vistos como confiáveis e responsáveis, capazes de seguir através de suas ações.

c) Atualizações regulares: manter as partes interessadas informadas sobre o progresso, desafios e mudanças na estratégia não apenas mantém todos no mesmo caminho, mas também reforça a sensação de inclusão e transparência.

d) Fomentando um ambiente de feedback: encorajar e facilitar o feedback regular não só ajuda a identificar áreas de melhoria, mas também demonstra um compromisso com a melhoria contínua e o respeito pelas opiniões de todos.

Impacto na carreira dos profissionais

Para os profissionais que atuam ou aspiram atuar na governança de empresas familiares, compreender e aplicar esses princípios de construção de confiança pode ser um diferencial significativo. A habilidade em cultivar relações de confiança não apenas melhora a eficácia das decisões de governança, mas também amplia a reputação do profissional como alguém que agrega valor real e sustentável à empresa.

A confiança é mais do que um componente emocional nas empresas familiares, é uma ferramenta estratégica que, quando bem gerida, pode levar a uma governança eficaz e resultados empresariais robustos. Convido você, profissional da área, a refletir sobre como pode fortalecer a confiança em sua atuação e compartilhar suas experiências e desafios nessa jornada. Juntos, podemos transformar os paradigmas de governança em empresas familiares e criar ambientes mais coesos e produtivos.

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