O Brasil ocupa o 53º lugar geral no Ranking de Competitividade Digital, anuário elaborado pelo IMD em parceria com a Fundação Dom Cabral. O estudo avalia a capacidade e a prontidão das economias para incorporar novas tecnologias digitais e, nesta edição, analisou 69 países. A liderança ficou com a Suíça, seguida pelos Estados Unidos e Singapura.
O anuário é produzido a partir da coleta e análise de 61 indicadores estatísticos, que medem aspectos como geração de conhecimento, prontidão tecnológica e perspectivas para o futuro. Com base nesses dados, o ranking classifica os países e destaca percepções de governos e organizações privadas sobre seu desempenho digital.
Após dois anos de estagnação (2023 e 2024), o Brasil apresentou uma melhora significativa, especialmente em tecnologia, conhecimento e prontidão para o futuro — fatores considerados essenciais na análise. O IMD aponta que os resultados refletem uma recuperação gradual da competitividade digital brasileira, impulsionada por avanços em inovação, digitalização e capacidade de adaptação às transformações tecnológicas globais.
Pontuações brasileiras
O Brasil se destacou em áreas como inovação e digitalização, com ênfase no fortalecimento da chamada “economia do conhecimento” e na capacidade de gerar e difundir tecnologia.
Em produtividade de publicações científicas, o país alcançou o 9º lugar, resultado atribuído ao crescimento dos programas de fomento à ciência e à aproximação entre universidades, centros de pesquisa e empresas.
No campo dos investimentos privados em inteligência artificial (IA), o Brasil ficou em 16º lugar, refletindo o amadurecimento do ecossistema de startups e a expansão do uso da tecnologia. Já no uso de robôs em educação e P&D, o país ocupa a 17ª posição, “mostrando progresso na integração entre automação, ensino e inovação”, segundo o relatório.
Em relação ao uso de serviços públicos online e ao uso de smartphones pelas famílias, o Brasil aparece em 19º lugar. Para o IMD, os números “revelam o avanço da digitalização no cotidiano da população”.
Desafios e pontos de melhoria
Apesar dos avanços, o estudo também aponta áreas em que o Brasil ainda precisa evoluir.
Um dos principais gargalos é a integração entre universidades, empresas e o poder público, que continua limitada.
O país ocupa a 65ª posição em práticas de transferência de conhecimento, o que, segundo o relatório, demonstra dificuldade em transformar pesquisas acadêmicas em soluções tecnológicas, fator que reduz o potencial de geração de produtos e serviços de maior valor agregado.
Outro obstáculo é o acesso restrito ao capital de risco, que limita o crescimento de startups e empresas emergentes. O Brasil está em 64º lugar nesse indicador, reflexo de um ambiente econômico mais conservador e avesso a riscos.
O estudo também destaca a baixa inserção internacional de profissionais e empresas brasileiras, apontada como um dos principais entraves à competitividade. O país ocupa a 64ª posição em experiência internacional, o que indica pouca atenção a políticas de internacionalização, mobilidade profissional e cooperação acadêmica.
Por fim, o ranking chama atenção para os desafios na gestão urbana. A falta de integração entre transporte, habitação, sustentabilidade e planejamento ainda compromete a eficiência dos serviços públicos e a qualidade de vida nas cidades brasileiras.
Fonte: Época Negócios





