O tarifaço de Donald Trump contra o Brasil vai atingir os estados exportadores em diferentes proporções. Juntos, os estados da região Sudeste exportaram US$ 28,6 bilhões para os EUA — 70,1% do total para este país.
Em volume financeiro, SP é o estado que mais exporta para os EUA, somando US$ 13,5 bilhões. Em seguida vem RJ (US$ 7,4 bilhões), MG (US$ 4,6 bilhões), ES (US$ 3 bilhões) e RS (US$ 1,8 bilhão).
Os dados são do sistema ComexStat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e se referem ao período de janeiro a dezembro do ano passado.
Volume de exportação para os EUA por UF |
Estado Valor (US$) |
SP 13.571.896.433 |
RJ 7.412.873.779 |
MG 4.621.726.149 |
ES 3.068.423.281 |
RS 1.847.252.430 |
SC 1.744.938.746 |
PR 1.587.640.730 |
BA 882.078.681 |
PA 835.382.544 |
MA 748.638.788 |
MS 669.552.919 |
CE 659.075.573 |
MT 414.991.037 |
GO 408.465.929 |
PE 205.166.367 |
RO 122.708.161 |
AM 99.776.638 |
AL 79.310.198 |
TO 73.932.949 |
SE 72.194.505 |
RN 67.130.601 |
PI 42.063.932 |
PB 35.639.543 |
AP 16.214.507 |
DF 7.835.643 |
AC 4.509.422 |
RR 876.411 |
Pouca diversificação e dependência dos EUA
Considerando a diversificação em destinos de exportação, alguns estados estão mais suscetíveis ao impacto da tarifa de 50% de Donald Trump.
O CE, por exemplo, é o que tem maior dependência dos Estados Unidos, já que envia para lá 44,9% de tudo que exporta.
Em seguida vem o ES (28,6%), PB (21,6%), SP (19%) e SE (17,1%).
Dependência das exportações para os EUA |
CE 44,9% |
ES 28,6% |
PB 21,6% |
SP 19,0% |
SE 17,1% |
RJ 16,2% |
SC 14,9% |
MA 13,4% |
MG 11,0% |
AM 10,3% |
AP 10,1% |
PE 9,4% |
AL 8,8% |
RS 8,4% |
BA 7,4% |
PR 6,8% |
MS 6,7% |
RN 5,9% |
SC 5,2% |
RO 4,7% |
PA 3,6% |
GO 3,3% |
PI 3,0% |
TO 3,0% |
DF 2,6% |
MT 1,5% |
RR 0,3% |
Impacto
Caso a tarifa de 50% entre em vigor a partir de 1º de agosto, o aumento do custo dos produtos brasileiros poderá inviabilizar parte das vendas e impactar de forma desigual as economias regionais, com possíveis perdas de investimentos e emprego.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a cada R$ 1 bilhão exportado aos EUA em 2024, foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil.
Segundo o relatório “Impactos Tarifários dos EUA” feito pela Futura e Apex Partners, os efeitos tendem a ser mais intensos em estados ligados ao agronegócio – com destaque para o café e a carne bovina –, além de aço, petróleo e celulose.
Paulo Vicente, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral, avalia que as tarifas devem reduzir exportações e, por consequência, afetar negativamente o PIB de cada estado.
“Quanto mais dependente maior o impacto”, afirma. Para ele, não dá para substituir o mercado dos EUA, mas uma saída possível aos exportadores é tentar vender mais para a Europa e, em alguns casos, criar uma empresa dentro dos EUA para fugir da tarifação.
Fonte: InfoMoney