ARACAJU/SE, 5 de agosto de 2025 , 5:13:41

Diante de instabilidade econômica, inadimplência e juros preocupam empresários brasileiros

 

Um cenário de incertezas define o momento vivido por comerciantes e prestadores de serviços no Brasil. Apesar de avanços importantes, como a redução da taxa de desemprego e a retirada do país do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), muitas empresas enfrentam dificuldades operacionais e financeiras.

Segundo o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (FecomercioSP), Fabio Pina, embora as tensões comerciais com os Estados Unidos preocupem, as principais barreiras enfrentadas por pequenos e médios empresários no país hoje são a inadimplência, a escassez de capital de giro e a queda na confiança do consumidor.

“A preocupação está no campo microeconômico. É claro que inflação decorre do desequilíbrio fiscal, mas o que realmente aflige os negócios são questões internas”, afirmou.

Com base em dados da Serasa Experian, a FecomercioSP apontou que o número de empresas com dívidas alcançou 7,2 milhões, o que representa 31,6% dos negócios ativos no Brasil.

Na avaliação de Pina, o governo também contribui para o cenário adverso, principalmente pela ausência de reformas estruturais.

“Reduzir o déficit público significa cortar gastos, não elevar tributos. Há décadas, os ajustes recaem sobre o contribuinte, seja por aumento de impostos, elevação da dívida ou inflação. Não se mexe nas despesas do Estado”, analisou.

Confiança em risco

Na quinta-feira (31), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a taxa de desemprego no trimestre entre abril e junho chegou a 5,8%, o menor nível da série histórica.

O índice representa queda de 1,2 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (7%) e recuo de 1,1 ponto em comparação ao mesmo período de 2024 (6,9%).

Apesar do avanço no emprego, que tende a gerar mais renda e impulsionar o consumo, Fabio Pina observa que os índices de confiança seguem estagnados.

“Há uma percepção de que parte do crescimento econômico e do consumo é insustentável. O gasto público elevado pressiona os preços e compromete o equilíbrio fiscal no médio e longo prazo”.

Para o presidente do Instituto Unidos Brasil (IUB), Nabil Sahyoun, o recente aumento de tarifas por parte dos Estados Unidos também gera impacto negativo.

“Essa medida não atinge apenas as exportações. Ela afeta diretamente a confiança dos empresários, alimenta o clima de instabilidade e faz com que muitas empresas fiquem apreensivas. Perder mercado agora pode significar anos para reconquistar espaço”, alertou.

Tarifas elevadas preocupam

O decreto assinado na quarta-feira (30) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs tarifa de 50% a uma série de produtos brasileiros. Apesar de conter centenas de exceções, incluindo itens estratégicos como petróleo, aviões da Embraer e suco de laranja, o impacto sobre setores específicos é inevitável.

“Fechar a economia prejudica todos. O atual imbróglio internacional apenas intensifica o clima de incerteza”, avaliou Pina. De acordo com ele, os efeitos imediatos sobre o mercado interno devem ser limitados, mas, a depender da duração e da abrangência das tarifas, os danos a médio prazo podem ser relevantes, principalmente para exportadores e fornecedores integrados à cadeia internacional.

Sahyoun defendeu medidas de apoio fiscal e estímulo à geração de empregos. “É hora de pensar em incentivos, como redução de impostos ou subsídios para os setores mais afetados, além de programas voltados à preservação de postos de trabalho e estímulo à contratação, principalmente em períodos de crise”, concluiu.

Fonte: R7

 

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