Em crise financeira, a Gol estava com um total de US$ 269 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) em obrigações trabalhistas pendentes na data da petição do seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos (“Chapter 11”), no dia 25 de janeiro. O valor consta em documentos apresentados à Justiça americana.
A maior parcela desse montante aparece na conta de obrigações fiscais sobre a folha de pagamento (como INSS e o Fundo de Garantia, o FGTS). O montante pendente na data da petição era de US$ 174 milhões. Outra conta relevante é com compensações a trabalhadores (como adicional noturno e adicional de periculosidade) de US$ 25 milhões.
Em nota, a Gol informou que os valores citados se referem a dívidas contraídas no período da pandemia. “O Brasil, comparado com os países da região, ainda mais com Europa e Estados Unidos, foi o único que não teve ajuda de refinanciamento por parte do governo neste período”.
A Gol disse ainda que não realizou demissões em massa no período da pandemia e que “não deixou de arcar com tributos sobre a folha de pagamento de seus colaboradores, tendo realizado tais contribuições de maneira parcelada, até a presente data”.
Em meio às dificuldades financeiras, a empresa deu um passo importante no “Chapter 11” para ajudar a manter a operação rodando. A aérea recebeu, no dia 30, aval da Justiça americana para acessar a primeira parcela de US$ 350 milhões (R$ 1,73 bilhão) de um empréstimo (DIP, Debtor In Possession, na sigla em inglês) garantido por debenturistas da Abra, holding da companhia e também da colombiana Avianca.
A Gol receberá outros US$ 600 milhões (R$ 2,97 bilhões, em câmbio atualizado) que serão divididos em duas etapas em condições que serão estabelecidas dentro do processo de reestruturação da companhia.
A Gol pediu proteção contra credores no dia 25 de janeiro, com um endividamento incluindo empréstimos e financiamentos ao fim do quarto trimestre de 2023 de R$ 20,2 bilhões. Do total das despesas, US$ 2,7 bilhões vencem em 12 meses. Entre as pendências no curto prazo, estão US$ 647 milhões com viagens a serem realizadas e US$ 359 milhões com arrendadores de aeronaves.
O maior desafio da aérea agora é avançar nas negociações com arrendadores. Hoje, há falta de aviões no mercado e o risco de eles retirarem as aeronaves da Gol é maior do que na época do “Chapter 11” da Latam e da Avianca, durante a pandemia de covid-19.
Fonte: Valor Econômico