E o que era boato está confirmado: a chinesa Great Wall Motor comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP). Essa unidade foi inaugurada há cinco anos, após receber 600 milhões de reais de investimentos, para produzir os modelos Classe C e GLA. Mas fechou as portas em dezembro de 2020. Para os asiáticos, será a oportunidade de entrar no mercado brasileiro após uma década de namoro.
Mesmo quando essa negociação não estava confirmada, Anderson Suzuki, diretor de planejamento de produto para América Central e do Sul, admitiu que Argentina e Brasil estavam na mira dos projetos de globalização da Great Wall Motor. Em entrevista à Exame, o executivo disse que o principal motivo é a previsão de chagarmos a 3 milhões de emplacamentos em 2023 – neste ano, devem ser 2,1 milhões.
Ainda não estão confirmados os modelos a serem feitos no país, só que há indícios de que os chineses trarão o Haval H6, SUV com porte semelhante ao Volkswagen Tiguan Allspace e feito pela submarca do grupo. Afinal, esse veículo foi registado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 2020. E, além dele, é especulada a vinda da picape grande Poer para disputar clientela com a Toyota Hilux.
“O Brasil é o maior e mais populoso país da América Latina. Sua força econômica ocupa o primeiro lugar na América do Sul, suas vendas de automóveis ocupam o sétimo lugar no mundo e o mercado consumidor de automóveis tem grande potencial. Consideramos o mercado brasileiro estratégico para o nosso plano global de internacionalização”, afirma Liu Xiangshang, vice-presidente global da Great Wall Motor.
Na negociação com a Daimler AG – dona da Mercedes-Benz –, a Great Wall Motor levou o terreno de 1,2 milhão de m², bem como todos os edifícios e equipamentos de produção. Durante a inauguração, a empresa alemã afirmou que a capacidade era suficiente para fazer 20.000 carros por ano. E, apesar do fechamento, os europeus mantiveram fábricas de veículos pesados, peças e centros de testes no país.
De acordo com os chineses, o controle da unidade em Iracemápolis (SP) está previsto para este ano, mas não está incluída a transferência de pessoal. Por outro lado, a empresa afirma que serão gerados 2 mil novos empregos no complexo, que será ampliado para produzir até 100 mil unidades anuais. E, além de atender o mercado brasileiro, a produção será destinada a outros países da América do Sul.
Fonte: Exame