A Embaixada do Brasil na França publicou uma nota, nessa segunda-feira (25), em que critica a decisão do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, de suspender a compra de carnes produzidas pelo Mercosul.
Segundo a representação brasileira, as declarações do CEO da rede de supermercados sobre a qualidade das proteínas brasileiras são “infundadas” e “falsas”. Bompard havia dito que os produtos não atendem exigências e normas de qualidade exigidas pela França.
“O Brasil se orgulha de ser, há décadas, um fornecedor de proteína animal para o mercado europeu, mas também de sua capacidade de atender plenamente às exigências europeias e aos controles sanitários mais rigorosos do mundo, realizados em 100% das propriedades exportadoras”, disse um trecho da nota.
A embaixada brasileira também criticou o boicote ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia por parte do CEO do Carrefour. Dentre outros motivos, a suspensão foi justificada por temores de que a produção brasileira pudesse “inundar” o mercado europeu com produtos do bloco sul-americano e, com isso, criar uma concorrência desleal para os produtores franceses.
De acordo com o comunicado, “o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia não compromete os altos padrões de segurança, produtivos e sanitários adotados em ambas as regiões”.
“O Brasil rejeita, categoricamente, a oposição de qualquer setor ao acordo de livre-comércio Mercosul-União Europeia. Tal oposição, entretanto, não pode justificar a disseminação de informações falsas e declarações enganosas que comprometem os produtores brasileiros”, disse.
A decisão de Bompard afeta exclusivamente a rede de mercados na França. Outros estabelecimentos da marca não vão parar de vender a carne sul-americana.
Carrefour diz manter “diálogo” para retomar abastecimento de carnes
A Carrefour confirmou, nessa segunda-feira (25), que fornecedores suspenderam o envio de carne para as lojas da empresa no Brasil.
“Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes […] estamos em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne nas nossas lojas o mais rápido possível”, disse a empresa ao Poder360.
No entanto, a companhia não fez comentários sobre o desabastecimento de carne nas lojas.
Eis a íntegra da resposta da Carrefour
“Nós, do Grupo Carrefour Brasil, lamentamos profundamente a atual situação e reafirmamos nossa estima e confiança no setor agropecuário brasileiro, com o qual sempre mantivemos uma relação sólida e de parceria. Entendemos a importância deste setor para a economia e para a sociedade como um todo, e continuamos comprometidos com o fortalecimento dessa relação.
Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade.
Há 50 anos temos construído e mantido uma excelente relação com nossos parceiros e fornecedores, pautada pela confiança mútua. Por isso, estamos em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne nas nossas lojas o mais rápido possível, respeitando os compromissos que temos com nossos mais de 130 mil colaboradores e com milhões de clientes em todo o Brasil.
Reiteramos nosso compromisso com o país, o respeito ao consumidor e a transparência em todas as etapas deste processo. Seguiremos trabalhando para resolver essa situação da melhor forma possível, sempre com o objetivo de atender com qualidade e excelência aos nossos clientes”.
Entenda o caso
Na semana anterior, diversos frigoríficos e associações do setor pecuarista do Brasil suspenderam o fornecimento de carne – incluindo frango – para as lojas brasileiras da Carrefour, que também controla a Sam’s Club e o Atacadão.
A medida é uma resposta à declaração do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, de que a rede deixaria de comprar carne do Mercosul para o mercado francês.
Em nota enviada ao Poder360, a matriz afirmou que a medida será aplicada apenas na França, após pressão de agricultores do país contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. O pacto criaria um fluxo de comércio de até R$ 274 milhões em produtos manufaturados agrícolas, além de um mercado comum de 780 milhões de pessoas.
“Em nenhum momento ela se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um contexto de crise”, declarou a empresa.
Fonte: Poder360