ARACAJU/SE, 21 de dezembro de 2025 , 18:52:45

Especialista alerta: programar o ano desde janeiro é o segredo para evitar um fim de ano caótico, segundo a neuropsicologia

 

Com a chegada de dezembro, muitas pessoas se deparam com a mesma sensação: aceleração, sobrecarga, esgotamento, decisões pendentes e a impressão de que “faltou tempo”. Para a neuropsicóloga Aline Graffiette, isso não é coincidência — é consequência direta de um ano mal planejado e da forma como o cérebro lida com decisões e organização.

Segundo ela, é possível — e necessário — iniciar o ano com estratégias concretas para impedir que o caos emocional e cognitivo se instale nos últimos meses.

Por que deixamos tudo para depois?

Aline explica que a neuropsicologia lança luz sobre esse comportamento ao analisar as funções executivas, região do cérebro responsável pela tomada de decisões.

“Não se trata apenas de decidir, mas de tomar a melhor decisão. Quando entendemos como nossa função executiva opera — por meio de testes padronizados e avaliação neuropsicológica — conseguimos identificar nossos próprios gargalos e quebrar o ciclo da procrastinação que se repete ano após ano”, afirma.

O que começar a fazer logo em janeiro

Para evitar o acúmulo emocional, mental e físico que aparece tradicionalmente em novembro e dezembro, Aline é direta: é preciso iniciar o ano com rotinas básicas que quase todo mundo sabe, mas não coloca em prática. Entre elas:

Exercício físico regular — “Quem treina duas vezes por semana não treina. O mínimo recomendado são quatro vezes”, diz a especialista.

Redução do uso de telas, que sobrecarrega o sistema atencional.

Escrita manual diária, um hábito simples que melhora a organização mental. “Muita gente percebe o quanto está escrevendo mal — e eu recomendo até cadernos de caligrafia”, completa.

Alimentação adequada, com a regra clássica: descascar mais e desembalar menos.

        

A previsibilidade tem impacto direto na redução da ansiedade. Quando planejamos, o cérebro deixa de “ruminar” tarefas e as transfere para um caminho concreto.

“Tudo que é planejado sai do escaninho mental e se torna palpável. Somos seres tangíveis — precisamos ver e tocar aquilo que temos para fazer”, explica Aline.

Por isso, o planejamento antecipado é uma das formas mais eficazes de evitar que o fim do ano se torne emocionalmente insustentável.

Ferramentas neuropsicológicas que ajudam a manter o ano no eixo

A especialista lembra que existem programas estruturados, como o Cogmed, voltados para treinos cognitivos que estimulam memória, atenção, linguagem, motricidade e função executiva.

Também há a reabilitação neurocognitiva, um processo personalizado e realizado por profissionais especializados, indicado para quem precisa reorganizar habilidades cognitivas de forma individualizada.

Sinais de alerta: quando o caos começa a aparecer

Segundo Aline, o primeiro indicativo de que a desorganização está tomando conta é simples:

“Quando você para e pensa ‘meu Deus, o que eu tenho que fazer?’ e não consegue responder, a rotina já está fora de controle.”

Uma mente desorganizada leva a uma vida desorganizada — e vice-versa. Para impedir que isso escale e tome proporções maiores em dezembro, ela recomenda o básico, porém indispensável: Agenda de papel, to-do list diária, distribuição das tarefas ao longo da semana.

“Quando estruturamos o dia e tangibilizamos o que precisamos executar, a rotina se torna funcional — e o fim do ano deixa de ser um tormento”, conclui.

Você pode querer ler também