A ocorrência de atentados em escolas está ligada a uma queda na atividade econômica local, segundo um estudo feito nos Estados Unidos. Publicado na revista científica Journal of Marketing Research, o artigo aponta que espaços públicos como restaurantes e mercearias são os mais afetados economicamente pelos atentados que resultam em mortes. Isso indica que, para além da tragédia imediata, ocorrências desse tipo alteram o dia a dia das comunidades por meses.
Os pesquisadores analisaram dados de gastos em mercados a nível doméstico próximos a 63 tiroteios em escolas nos Estados Unidos entre 2012 e 2019. A análise comparou padrões de consumo das famílias antes e depois de um tiroteio com o comportamento dessas famílias no ano anterior aos ataques.
“Uma das conclusões mais preocupantes de nosso estudo é que a ansiedade perturba a vida econômica”, afirmou Shrihari Sridhar, da Universidade Texas A&M, em comunicado.
Essa relação fica evidente em menos idas às compras e menos tempo gasto em lojas, bem como em compras menores e em uma redução do envolvimento público como um todo. “Esses eventos trágicos criam efeitos em cascata que afetam as decisões cotidianas, afetando não apenas a saúde mental, mas também as empresas locais e a coesão social”, disse Sridhar.
Após um atentado fatal em uma escola, os gastos em mercados locais têm uma queda de 2%, que permanece constante pelos seis meses seguintes, no mínimo. No comércio geral de alimentos e bebidas, a queda é de 3% e, em restaurantes e bares, de 8%, segundo o estudo.
Mas a influência política também tem efeitos sobre os números. Em condados com tendência liberal, os gastos com mercado caíram 2,4%. Já nos conservadores, a queda foi de 1,3%.
Isso acontece porque a percepção sobre a violência armada muda. Segundo a psicologia política, liberais estão mais propensos a atribuir a causa desses tiroteios a leis sobre armas e acesso cultural a armas de fogo, por exemplo. Já conservadores não focam tanto nas causas sistêmicas, mas tendem a ver esses atentados como incidentes isolados, motivados por questões individuais.
A pesquisa mostra que liberais relataram níveis mais altos de ansiedade e maior intenção de evitar espaços públicos depois de um tiroteio.
Segundo os pesquisadores, o retorno de uma comunidade à normalidade “requer mais do que apenas reabrir as portas; requer a construção de confiança e apoio visível”, assim como acontece em casos de desastres naturais, quando há esforços formais de recuperação econômica.
Fonte: Revista Galileu