ARACAJU/SE, 24 de maio de 2025 , 2:25:28

IOF elevado: confira o que muda em cartões, moeda estrangeira, VGBL e empréstimos para empresas

 

O governo federal anunciou, nessa quinta-feira (22), o aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), um tributo federal cobrado sobre diversas operações que envolvem dinheiro, principalmente empréstimos e câmbio.

Segundo o governo, os novos valores do IOF começam a ser aplicados já nesta sexta-feira (23), com o objetivo de arrecadar R$ 20,5 bilhões a mais neste ano e R$ 41 bilhões em 2026.

Veja abaixo as principais mudanças.

O que é o IOF?

IOF é a sigla para Imposto sobre Operações Financeiras. Como o próprio nome diz, é um imposto cobrado sobre a maior parte das operações financeiras e serve para gerar receita para a União.

O que muda na prática?

A medida aumenta o imposto em algumas operações — especialmente que envolvam crédito para empresas —, mas não atinge os empréstimos e financiamentos para pessoas físicas. Ou seja, nesse caso, o IOF continuará zerado.

Por outro lado, prevê alterações relacionadas ao câmbio, o que deve encarecer compras internacionais e de moeda em espécie. Isso porque a medida prevê um aumento no IOF cobrado sobre cartões internacionais de crédito e débito e sobre a compra de moedas estrangeiras em papel.

O texto também prevê a retomada de cobranças de IOF em alguns casos, como o de empréstimos externos de curto prazo (até 364 dias), isentos desde 2023. Esse tipo de operação acontece quando uma entidade toma recursos emprestados de credores no exterior.

Medidas que atingem o consumidor

Câmbio e gastos no exterior

Como era:

– IOF de 3,38% sobre compras com cartão de crédito, débito e pré-pagos internacionais

– IOF de 1,1% na compra de moeda estrangeira em espécie

 

Como ficou:

– IOF de 3,5% para cartões internacionais e remessas

– IOF de 3,5% na compra de moeda estrangeira em espécie

Segundo o governo, a mudança visa a unificar as alíquotas, com “isonomia de tratamento”. Além disso, busca “evitar distorções, de tratamento distinto em remessas da mesma natureza”.

Além de não atingir os empréstimos e financiamentos para pessoas físicas, também continuam isentos de IOF ou com alíquota zero:

– Crédito estudantil;

– Financiamentos habitacionais;

– Financiamentos via FINAME, para na aquisição de máquinas e equipamentos;

– Exportação e título de crédito à exportação;

– Cooperativas abaixo de R$ 100 milhões;

– Programas de geração de emprego e renda;

– Adiantamento de salário ao empregado;

– Devolução antecipada de IOF indevido;

entre outros.

 

Previdência privada (VGBL)

Como era: Não havia alíquota diferenciada para aportes mensais altos

Como ficou: 5% de IOF para planos de VGBL ou previdência com aportes mensais acima de R$ 50 mil

No caso do VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), que funciona também como um seguro de vida, o governo informou que a aplicação de IOF “corrige distorção”, já que “públicos de altíssima renda” utilizam a modalidade “como investimento com baixíssima tributação”.

Assim, acrescenta o governo, a medida “preserva o investidor que realmente busca segurança previdenciária”.

 

Medidas que atingem as empresas

Operações de crédito (empréstimos e financiamentos)

– Como era: IOF de 0,38% na contratação, sendo 0,0041% ao dia, com teto de 1,88% ao ano

– Como ficou: IOF de 0,95% na contratação, sendo 0,0082% ao dia, com teto de 3,95% ao ano

 

Para o Simples Nacional

– Como era: IOF de 0,38% na contratação, sendo 0,00137% ao dia, com teto de 0,88% ao ano

– Como ficou: IOF de 0,95% na contratação, sendo 0,00274% ao dia, com teto de 1,95% ao ano

 

Compras internacionais mais caras

A professora de economia e finanças pessoais da ESPM Paula Sauer destaca que, na prática, a unificação do IOF em 3,5% para operações relacionadas a compras no exterior irá impactar a aquisição de produtos importados e gastos internacionais.

Para minimizar os efeitos do aumento do IOF, ela lista algumas dicas:

– Considerar transferências internacionais via fintechs (empresas de tecnologia financeira) para remessa de dinheiro, já que a alíquota do IOF pode ser menor — hoje em torno de 1,1% ou 0,38%.

– Fazer compras em sites que aceitam PIX ou transferência bancária para evitar o IOF do câmbio.

– Monitorar a cotação do dólar para planejar as compras internacionais, especialmente para viagens ou intercâmbios, comprando moeda mês a mês para fazer um saldo médio e um preço médio.

– Utilizar os programas de fidelidade e pontos no cartão de crédito para comprar passagens ou fazer compras, trocando pontos por itens.

– Considerar o uso de contas multimoedas oferecidas por algumas instituições, porque “o IOF é de 1.1% na conversão”.

Segundo a professora, além das empresas, “quem mais vai sentir as mudanças no IOF” são as pessoas que fazem aportes em previdência privada (VGBL) acima de R$ 50 mil por mês, por conta da cobrança de 5% a partir desta sexta-feira (23).

Fonte: G1

 

 

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