Após a indústria dos fundos de investimentos passar por um dos piores momentos de sua história no ano passado, os cotistas aplicaram R$ 159 bilhões nesse mercado, no primeiro semestre deste ano, descontando os resgates. Contudo, os aportes se concentraram nos fundos de renda fixa, as estrelas que apresentaram captação líquida de R$ 192,5 bilhões nos primeiros seis meses de 2024. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Apesar dos cortes de juros, a Selic estabilizada em 10,5% ao ano assegura bons ganhos para os investidores que se mantêm abraçados às aplicações mais conservadoras. Ainda, a percepção de risco segue muito alta. Nesse cenário, os fundos de renda fixa são mais competitivos e os investidores estão migrando para eles.
Além disso, mudanças na regulação aumentaram a isonomia tributária entre os produtos financeiros e beneficiaram os fundos de renda fixa. Com uma menor oferta de papéis isentos de imposto de renda, os investidores estão avaliando alternativas de alocação.
Nesse cenário, também entraram R$ 20,4 bilhões nos Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) na primeira metade deste ano, além de R$ 16,8 bilhões nos fundos de previdência e R$ 12,5 bilhões nos Fundos de Investimento em Participações (FIPs).
Na contramão, os investidores resgataram R$ 81 bilhões dos fundos multimercados e esses produtos seguiram liderando a lista das maiores retiradas do setor. Os gestores dessa categoria estão com dificuldade de entregar remunerações atrativas em um ambiente complexo para enxergar tendências macroeconômicas, o que dificulta a captação. Boa parte está rendendo menos que o CDI.
Além disso, saíram R$ 1,8 bilhão dos ETFs (fundos comprados em bolsa que acompanham um indicador de mercado), R$ 347,3 milhões dos fundos cambiais e apenas R$ 111,4 milhões dos fundos de ações.
Como foi junho?
Apenas em junho, os cotistas resgataram R$ 16 bilhões dos fundos de investimentos. Foi o segundo mês consecutivo em que os cotistas retiraram mais dinheiro do que aplicaram. Aconteceu uma debandada de R$ 27,2 bilhões do fundos multimercados e ainda apresentaram saídas os FIDCs, de R$ 3,8 bilhões, e os fundos cambiais, de R$ 3,5 milhões.
Em contrapartida, os cotistas investiram R$ 6,9 bilhões nos fundos de renda fixa, R$ 3,1 bilhões nos fundos de ações e R$ 2,8 bilhões nos FIPs, além de R$ 1,1 bilhão nos fundos de previdência e R$ 606,8 milhões nos ETFs.
Fonte: Valor Investe
