A guerra tarifária no exterior virou a maior preocupação para o mercado financeiro, segundo pesquisa divulgada na última quinta-feira (5) pelo Banco Central (BC). Para as instituições ouvidas, o risco vindo de fora do país pode trazer uma maior instabilidade nos próximos três anos do que os problemas com as contas públicas do Brasil.
O levantamento mostra que 39% das instituições apontaram o cenário internacional como o risco mais importante hoje — um salto em relação à pesquisa anterior, quando a preocupação foi citada por 16% das instituições. A mudança está ligada à intensificação das disputas comerciais entre grandes potências, como Estados Unidos e China, que têm dificultado o comércio de produtos importantes para diversas indústrias.
Com o aumento de tarifas e restrições de exportação, muitos setores estão enfrentando dificuldades para conseguir peças e matérias-primas. Isso afeta cadeias de produção no mundo todo e aumenta o mede de crises nos mercados financeiros.
Mesmo com essa mudança, o risco fiscal — ou seja, o temor de que o governo brasileiro não consiga manter suas contas em ordem — continua relevante. Foi citado por 30% das instituições.
A pesquisa também mostrou que cresceu a preocupação com problemas operacionais, como ataques cibernéticos, e com a possibilidade de falta de liquidez e contágio financeiro. Além disso, mais instituições passaram a considerar que a economia brasileira está em fase de contração, e houve aumento no alerta sobre o nível de endividamento das famílias.
Apesar de todos esses sinais de alerta, o índice de confiança na estabilidade do sistema financeiro ainda está em um patamar alto, mesmo com uma leve queda. A maior parte dos entrevistados acredita que o Banco Central deve manter o chamado Adicional Contracíclico de Capital Principal (ACCPBrasil), uma reserva de segurança para momentos de crise.
A pesquisa foi feita entre 19 de abril e 9 de maio com 84 instituições financeiras, como bancos, seguradoras e gestoras de recursos. Os dados ajudam o Banco Central a monitorar riscos e tomar decisões sobre a economia.
Fonte: O GLOBO