ARACAJU/SE, 5 de junho de 2025 , 8:32:37

Redução no preço da gasolina deve ajudar a segurar inflação até julho, afirmam analistas

 

O corte anunciado pela Petrobras no preço da gasolina às distribuidoras nessa segunda-feira (2) deve ter efeito imediato na inflação, com pressão para baixo na variação de preços já perceptível em junho e julho, segundo analistas ouvidos pela CNN.

O Monitor Diário de Inflação da LCA Consultoria Econômica revisou suas projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deste ano de 5,5% para 5,3%.

Fábio Romão, economista especialista em inflação da casa, destaca, por outro lado, o impacto mais direto na variação dos preços para os meses de junho (revista de 0,37% para 0,25%) e julho (de 0,21% para 0,19%).

Com efeito a partir desta terça-feira (3), a redução de 5,6% na gasolina da Petrobras deve ressoar já no IPCA-15 de junho, a prévia da inflação oficial. A LCA prevê uma queda de 1,04% no preço da gasolina neste indicador. Já no IPCA “cheio” do mês, a expectativa é por um recuo maior ainda no combustível, de 2,17%.

Para a prévia de julho, a LCA vê uma baixa de 1,54%, movimento esse que deve arrefecer na divulgação final do mês para retração de 0,4%.

Patricia Andrade, professora de economia da ESPM, ressalta o peso que a gasolina tem para o IPCA, representa cerca de 5% da cesta de produtos e serviços que compõem índice, o que significa que qualquer variação em seu preço tende a influenciar diretamente os dados.

“É importante lembrar que a gasolina também afeta indiretamente diversos setores, já que os combustíveis influenciam os custos logísticos e de transporte em geral”, reforça Andrade.

A Warren Investimentos ressalta em nota que a medida deve ter um impacto direto sobre a inflação. Porém, sinaliza que o alívio para o consumidor vai depender do repasse dos preços nas bombas.

A estimativa é de que cerca de 30% a 35% da queda promovida pela refinaria tende a ser sentida nos postos de combustíveis em junho, segundo análise da estrategista de inflação da Warren, Andréa Angelo.

A aposta de Romão é um pouco mais otimista, apontando que praticamente 50% do corte às distribuidoras deve chegar às bombas.

“Esta queda de 5,6% na refinaria, seria cerca de 2,56% na bomba (IPCA), afetando junho (sobretudo) e julho”, pondera o economista da LCA.

Gasolina X conta de luz

Enquanto o corte na gasolina traz alívio ao IPCA, a conta de luz pressiona oara cima do outro. Para este mês, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu bandeira vermelha patamar 1 na tarifa.

Segundo a agência, o volume de água que chega aos reservatórios está abaixo da média, o que compromete a geração hidrelétrica e pressiona os custos de energia.

Na sexta-feira (30), após o anúncio, Angelo havia indicado que esta sinalização é apenas um prelúdio do que está por vir.

“Sem surpresa a bandeira [vermelha patamar 1], era amplamente esperado, e devemos ver e vermelha 2 no mês que vem [julho]. Ainda vai piorar. Energia será o destaque nos próximos IPCAs”, afirmou a estrategista da Warren.

A especialista em inflação ressalta que para junho — e até para julho, num nível menor —, a gasolina “dá uma ajuda” a controlar a alta dos preços. Porém, avalia que não é suficiente para conter o impacto da alta provocada pela conta de luz.

“Não ameniza em termos práticos, matemáticos. O impacto no bolso do consumidor é maior. Ou seja, em efeito na inflação vai ser maior com a bandeira do que o alívio na bomba”, pontua Angelo.

Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, aponta que, enquanto o corte da gasolina deve ter um impacto de -0,11 ponto percentual no IPCA de junho, a bandeira vermelha na tarifa de energia elétrica causa aumento 0,13 ponto na inflação deste mês.

“Então, a queda do preço da gasolina quase anula o impacto do aumento da tarifa de energia elétrica com a bandeira vermelha 1”, pontua Pinheiro.

A estimativa da LCA é mais otimista. Ponderando o efeito direto da queda da gasolina junto do impacto redutor na variação anual do etanol, a estimativa da casa é de um impacto de -0,16 ponto no IPCA deste mês por conta do corte da Petrobras.

Enquanto isso, a estimativa é de que a bandeira vermelha tenha repasse de 0,1 ponto na inflação, de modo que o movimento desta segunda anularia o anterior.

Ainda assim, todas as análises convergem num sentido: a inflação anual de 2025 deve fechar por volta de 5%, estourando por o teto de 4,5% da meta perseguida pelo Banco Central (BC), de 3%.

“Portanto, do ponto de vista da política monetária, ainda serão necessárias medidas para trazer a inflação mais próxima do centro da meta”, conclui Patricia Andrade.

Fonte: CNN Brasil

 

 

 

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