ARACAJU/SE, 14 de julho de 2025 , 12:27:17

Tarifaço de Trump pode ameaçar em torno de 110 mil empregos no Brasil, estima levantamento

 

A aplicação de uma tarifa de 50% a produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos ameaça quase 110 mil postos de trabalho no país em um ano, além de um prejuízo de R$ 19,2 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, ou 0,16% do PIB. É o que sugere um exercício conduzido por economistas do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Em termos de emprego, a agricultura seria o setor mais afetado pela perda de postos de trabalho, com uma variação negativa de 41,1 mil vagas. O comércio vem em seguida, com queda de 31,7 mil empregos em risco, e a indústria de transformação contribuiria com outros 26,6 mil.

Já em termos de receita de exportação, agricultura e indústria levariam a pior com a efetivação das tarifas. As vendas ao exterior de tratores e outras máquinas agrícolas liderariam as perdas com queda de 23,61%. Aeronaves, embarcações e outros equipamentos de transporte (22,33%), cereais e oleaginosas de lavoura temporária, exceto soja (21,35%) e laranja e outras lavouras permanentes (19,50%) também sofreriam perdas relevantes. Depois desse grupo, carnes suína (11,32%) e de aves (11,31%), artigos têxteis (10,33%) e tecidos (10,11%) completam o grupo com impacto superior a 10% em suas exportações.

Analisando o impacto regional, o estado mais afetado em termos absolutos é São Paulo, com perda de R$ 4,4 bilhões. Depois dele, Rio Grande do Sul e Paraná (R$ 1,9 bilhão cada), Santa Catarina (R$ 1,74 bilhão) e Minas Gerais (R$ 1,7 bilhão) também aparecem com perdas relevantes. Exceção feita ao gaúcho Eduardo Leite (PSD), todos são governados por políticos próximos ou que buscam se aproximar do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O exercício simula uma tarifa de 50% adotada pelos Estados Unidos para todos os produtos brasileiros e também leva em consideração as taxas para vários outros países e alguns produtos específicos, como para 30% para a China e 50% para importações de automóveis e aço de qualquer origem para os EUA. O impacto global desse conjunto de medidas seria uma queda de 0,12% do PIB global e um comércio mundial 2,% menor, com perdas de US$ 483 bilhões.

Ele também não inclui o acionamento da reciprocidade, como tem ameaçado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste caso, no entanto, o efeito seria ainda pior para o Brasil, afirma Edson Paulo Domingues, que assina o trabalho com João Pedro Revoredo Pereira da Costa e Aline Souza Magalhães. “O Brasil estaria aumentando um imposto interno, tornando insumos e produtos de consumo mais caros no Brasil”, diz.

Apesar da queda de R$ 19,2 bilhões do PIB, o impacto sobre as exportações seria mais expressivo: R$ 52 bilhões, mas “atenuado” por uma redução de R$ 33 bilhões nas importações.

Fonte: Valor Investe

 

 

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