ARACAJU/SE, 16 de agosto de 2025 , 16:10:28

Tarifaço de Trump: por que o dólar e a bolsa não reagiram tão mal aos efeitos negativos?

 

Quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a primeira reação do mercado financeiro foi de pânico: o dólar disparou e o Ibovespa caiu.

Mas, desde que de fato entrou em vigor na última quarta-feira (6), a medida parece ter provocado pouco — ou nenhum — impacto no mercado financeiro. A moeda americana acumula uma desvalorização de 3,62% neste mês, enquanto a bolsa de valores subiu 1,98%.

Mais que isso: o dólar chegou a bater o menor valor em um ano e meio nesta semana. E a bolsa está a pouco mais de 3% de seu recorde de pontuação.

Segundo os especialistas ouvidos pelo g1, embora o tarifaço possa gerar perdas para a economia brasileira, o pessimismo dos investidores diminuiu desde o anúncio inicial.

  • Um dos principais motivos é que quase 700 produtos foram mantidos com a tarifa de 10%, ficando de fora do aumento. Entre eles estão suco de laranja, minério de ferro, fertilizantes e itens da aviação civil.

 

Leonel Mattos, analista sênior de Inteligência de Mercado da StoneX, explica que, para investidores que aguardavam um aumento generalizado de 50%, o tarifaço acabou sendo visto como “menos pior” do que o inicialmente previsto.

“A preocupação com o impacto no Brasil diminuiu bastante após a divulgação da ordem executiva, que incluiu diversas exceções. Dos produtos exportados para os EUA, cerca de 36% foram atingidos pela tarifa de 50%”, diz o analista.

Tarifaço “precificado” na bolsa

 

Outro ponto que abrandou os efeitos do tarifaço é de que não há um impacto sistêmico no Brasil, afetando apenas uma parte das exportações para os EUA.

Grande parte desse risco já havia sido antecipada pelo mercado e incorporada aos preços. Marco Noernberg, sócio da Manchester Investimentos, lembra que a bolsa de valores, por exemplo, já registrava quedas antes da efetivação das tarifas.

  • Em julho, o Ibovespa caiu 4,17%, registrando o pior desempenho mensal do ano até agora e a maior baixa desde dezembro de 2024.
  • Ainda assim, ele ressalta que o impacto negativo do tarifaço sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é estimado em cerca de 0,1% — ruim, mas insuficiente para desestabilizar o mercado.

    “[O tarifaço] não é positivo, mas também não é algo que vá desestabilizar as ações negociadas em bolsa. Grande parte desse risco já havia sido incorporada, e as empresas mais expostas sentiram os efeitos antes mesmo da aplicação das tarifas.”

     

    Ou seja, o mercado já havia refeito as posições de investimento antes de a medida entrar em vigor, o que contribuiu para a queda da bolsa de valores no mês passado.

    fonte G1

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