ARACAJU/SE, 30 de julho de 2025 , 13:56:47

Tarifa dos Estados Unidos ameaça exportação de biodefensivos do Brasil

 

A exportação de defensivos agrícolas de origem biológica para os Estados Unidos poderá ser afetada pela sobretaxa de 50% anunciada pelo presidente americano Donald Trump ao Brasil. Maior produtora de biodefensivos do país, a holandesa Koppert teme dificuldades comerciais e de mercado com o tarifaço.

“Temos intenção de exportar para o segundo maior mercado de soja do mundo, que são os EUA, mas esse cenário põe em risco nossos planos de médio prazo”, afirmou Danilo Pedrazzoli, diretor industrial da companhia no Brasil.

Para desenvolver seus produtos, a empresa importa parte de suas matérias-primas dos Estados Unidos, processo que também pode ser comprometido com novas barreiras comerciais.

A Koppert possui uma unidade de produção nos EUA e está em processo de registro de produtos no país, além de possuir equipes de desenvolvimento de mercado em solo americano. O receio da companhia é que o processo de registro de produtos trave e os esforços tenham que ser redirecionados. “As expectativas para esse mercado estavam ótimas até Trump começar as atividades políticas dele”, disse.

Efeito indireto

A empresa também receia que as tarifas afetem o mercado agrícola como um todo, prejudicando indiretamente suas vendas. “O setor como um todo é afetado indiretamente. Se houver uma crise setorial, como no caso do citrus, os preços [do suco de laranja] caem, o mercado retrai e perdemos em número de vendas, inclusive de produtos como os usados no combate ao greening”, explicou.

A companhia teme ainda que a guerra comercial de Trump imponha dificuldades ao mercado de rações e proteína animal, já que milho e soja são a base da alimentação na criação de aves e bovinos. “Isso afeta os preços e, por consequência, repercute indiretamente sobre nosso mercado de biológicos, pois os custos dos insumos passam a custar mais também”, disse.

Outro mercado importante para a Koopert que também deve ser afetado pelo tarifaço é o de café. Além dos EUA serem um dos principais destinos do café brasileiro, “o Brasil é o maior mercado de empresas [de café], como Nespresso e Starbucks”, observou Pedrazzoli.

A Starbucks, por exemplo, “processa quase toda sua matéria-prima nos EUA, e qualquer restrição nesse segmento pode atrapalhar os custos, os preços e impactar no ciclo de inovação de formulações biológicas para o café também”, argumentou. A companhia está em fase de registro de um sistema sentinela contra a broca do café, praga de grande impacto na produção.

Fonte: Globo Rural

 

 

 

 

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