ARACAJU/SE, 7 de setembro de 2024 , 21:15:40

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Taxa global de 2% sobre super-ricos levantaria até US$ 250 bilhões por ano, afirma ministro da Fazenda em evento do G20

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu novamente a taxação dos super-ricos para ajudar no financiamento do combate à fome e à pobreza no mundo. Em encontro de pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome, o chefe da equipe econômica brasileira afirmou que é possível arrecadar de US$ 200 bilhões a US$ 250 bilhões por ano se bilionários pagassem 2% de sua riqueza em impostos.

“Ou seja, aproximadamente cinco vezes o montante que os dez maiores bancos multilaterais dedicaram ao enfrentamento à fome e à pobreza em 2022”, disse Haddad.

“Outra forma de mobilizar recursos para o combate à fome e à pobreza é fazer com que os super-ricos paguem sua justa contribuição em impostos”.

Haddad destacou que, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), menos de 10% da ajuda oficial ao desenvolvimento se destina a combater a fome e a pobreza. “É imperativo nos mobilizarmos por recursos internacionais”.

O ministro, então, instou os demais participantes da reunião – entre eles, representantes do países do G20 – para haver uma mobilização maior para integrarem a Aliança Global Contra a Fome. A iniciativa é uma proposta do Brasil e foi apresentada nessa quarta-feira (24) para que os países possam aderir a ela.

“A comunidade internacional tem todas as condições para garantir a cada ser humano neste planeta uma existência digna”, disse Haddad, que fez uma ressalva: “O que está faltando (para isso) é vontade política”.

O ministro afirmou ainda que a criação da Aliança “dá um impulso decisivo ao debate sobre a canalização dos Direitos Especiais de Saque”. Na avaliação de Haddad, o direito ao saque é medida fundamental para enfrentar a desigualdade e indispensável para aumentar a capacidade de concessão de crédito.

O ministro da Fazenda também destacou a importância da 21ª recomposição de capital da Associação Internacional para o Desenvolvimento, do Banco Mundial, considerada a principal organização de financiamento e transferência de recursos aos países mais pobres do mundo. Segundo Haddad, a recomposição motivou o interesse do Brasil em voltar a participar da associação.

“Anunciamos que o governo brasileiro já se comprometeu a aportar recursos para a décima terceira recomposição de capital do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, outro parceiro relevante para o sucesso da Aliança. A atuação conjunta entre esses agentes de financiamento é crucial para ganharmos a escala que precisamos”.

Brasil vai arcar com metade dos custos de estrutura da Aliança Global Contra a Fome

O ministro de Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, afirmou que o Brasil vai arcar com metade dos custos do secretariado da Aliança Global Contra a Fome. A estrutura administrativa da iniciativa, pré-lançada nessa quarta-feira (24) durante evento do G20, deverá custar entre US$ 18 milhões a US$ 20 milhões até 2030. Deste montante, o Brasil arcará com cerca de US$ 9 milhões a US$ 10 milhões, segundo Dias.

A aliança será como uma plataforma de “match” entre países, instituições multilaterais de desenvolvimento e centros de pesquisa para a implementação de políticas públicas reconhecidas internacionalmente no enfrentamento à fome e à miséria. Dias disse que vai colocar na cesta de programas da iniciativa o Bolsa Família, o CadÚnico e o programa de alimentação escolar.

“Já há uma decisão de que metade do valor previsto para a governança (da aliança) até 2030 – do acompanhamento das metas da Aliança e todo o trabalho de apoio aos países – vai custar aproximadamente US$ 18 milhões a US$ 20 milhões de dólares até 2030. O Brasil vai entrar com a metade, de US$ 9 milhões a US$ 10 milhões, aproximadamente, junto a países como a Noruega e outros que também estão dispostos a colaborar”, afirmou Dias.

O ministro falou com jornalistas após o lançamento do relatório “O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI, na sigla em inglês) das Nações Unidas, no Rio, no contexto do pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.

Fonte: Valor Econômico

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