ARACAJU/SE, 8 de julho de 2025 , 5:04:59

Argelino se recusa a lutar contra judoca de Israel, que responde: ‘Quem sabe um dia eu possa apertar sua mão’

 

Dris Messaoud Redouane, da Argélia, que diz gostar de rezar e ler o Alcorão antes das lutas, se desqualificou durante a pesagem e não competiu. Na véspera, para se pesar, apareceu com 73,4 kg, acima do limite para esta categoria de peso (-73kg). O motivo real, porém, é político. Acredita-se que ele se recusou a lutar contra o israelense em razão das divergências políticas entre os países.

Redouane poderá sofrer punição pela Federação Internacional de Judô se ficar comprovado que ele se desclassificou intencionalmente por motivos políticos.

“Eu o respeito. É realmente um bom atleta. Não o odeio. Gostaria de ter lutado. Não aconteceu. Às vezes a política atrapalha (o esporte). Pode ser que ele quisesse lutar, mas seu governo não o permitiu. Acredito que os atletas argelinos e a maioria dos atletas muçulmanos não possam lutar contra os israelenses. Acho que são vítimas”, lamentou Tohar, após sua eliminação na luta seguinte.

“Quem sabe um dia haja paz, eu possa apertar a sua mão e que a gente possa se enfrentar. Que ele possa treinar em Israel e eu, na Argélia. A Olimpíada é uma boa chance para essa mensagem de paz”, disse em recado a Dris.

O israelense enfrentou, na fase seguinte, Hidayat Heydarov do Azerbaijão, atual campeão mundial e atual número um do mundo, e foi eliminado dos Jogos de Paris-2024.

Judoca de Israel já sofreu o mesmo boicote em Tóquio-2020

Tohar viveu o mesmo boicote em Tóquio-2020, três anos atrás. Fethi Nourine, também da Argélia, desistiu de competir contra o judoca israelense. Por causa deste episódio, o treinador de Nourine, Amar Benikhlef, teve penalidade severa: suspenso por 10 anos.

“Acontece muitas vezes, comigo três no total contando o Mundial de 2019, no Japão. E acho que todos contra atletas argelinos.É complicado. Eu sou atleta, esse é meu trabalho e vim lutar. Ele também se esforçou muito para estar nos Jogos Olímpicos, mas acredito que seu governo o forçou. Eu acredito nessa situação”, explicou, de forma paciente sobre o tema que é sensível a atletas da sua delegação.

O treinador de Tohar, Guy Fogel, também acredita que a decisão pode não ter sido do atleta, nem do treinador.

“Às vezes vem de cima. Não sei, não me importo. Ele não quis lutar, não seguiu as regras, ele perdeu a luta. Para nós foi uma vitória por ippon, mas preferia que tivesse tido a luta. Você pode não gostar, não se ama todos, mas isso é esporte”, disse Fogel, que contou que não teve contato com os treinadores argelinos. “Se ele não quis lutar, não há nada que a gente pudesse fazer. Não me sinto feliz, nem triste. Isso acontece muito com a gente. Já aconteceu. Eu sei qual é a situação de Israel, não gostamos. Bom, se quiser me dar a mão, se quiser ser amigo, para mim está bom… Isso aqui é esporte, vá para luta e fim.”

Fonte: O Globo

 

Você pode querer ler também