ARACAJU/SE, 7 de setembro de 2024 , 21:11:56

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Entenda como dores e lesões fazem parte da rotina de atletas olímpicos

 

Todo atleta olímpico tem um quê de super-herói. O próprio lema dos Jogos, criado pelo monge francês Henri Didon (1840-1900), endossa essa ideia: “Citius, Altius, Fortius” – ou seja: “mais rápido, mais alto, mais forte”. Atualmente, o título de homem mais rápido nas Olimpíadas pertence ao velocista italiano Lamont Marcell Jacobs, de 29 anos, e o de mais forte, ao halterofilista georgiano Lasha Talakhadze, de 30 anos. O primeiro concluiu a prova dos 100m rasos em 9s80 e o segundo levantou 488 kg – 223 kg no arranco e 265 kg no arremesso. Já o atleta que consegue saltar mais alto é o sueco Armand Duplantis, de 24 anos. Em Tóquio 2020, alcançou a marca de 6,24m no salto com vara.

Nenhum deles, porém, está livre de sofrer uma contusão. “Prevenir uma lesão é o sonho de qualquer preparador físico. Mas prever o imprevisível é algo que não existe”, afirma o médico Turíbio Leite de Barros Neto, doutor em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Há vários tipos de danos e ferimentos, explica. Um deles acontece quando o atleta vai além do próprio limite do corpo. É o chamado overtraining (“treinamento exagerado”). “Quanto mais alto o nível de exigência, maior é o risco de lesão”, alerta Barros Neto.

Uma das queixas mais comuns relatadas por atletas e pós-atletas é a osteoartrite, também conhecida como artrose. Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), trata-se de um desgaste que pode ocorrer em qualquer articulação do corpo, mas principalmente nas articulações dos quadris, dos joelhos e das mãos. Na população em geral, atinge oito em cada dez pessoas acima dos 65 anos. Em atletas e pós-atletas, um em cada quatro.

“É raro encontrar um esportista que não sinta uma dorzinha sequer em músculos, ossos, ligamentos ou articulações”, afirma o médico Roberto Ranzini, especialista em Medicina Esportiva pela Universidade de São Paulo (USP). Rebeca Andrade é um bom exemplo de atleta que já sofreu uma lesão. Mais do que isso. Precisou se submeter a três cirurgias no joelho direito em apenas cinco anos. Exceção da regra? Nada disso.

A nadadora Ana Marcela Cunha, de 32 anos, também teve que operar o ombro esquerdo em 2022. “O atleta que almeja subir no pódio tem que se superar a cada treino. Nada é fácil. Tudo dói. Mas a vitória é possível”, avisa a campeã olímpica em natação de águas abertas.

Nem a péssima qualidade da água do Sena, palco da maratona aquática e da prova de natação do triatlo, preocupa Ana Marcela. Em agosto, a poluição obrigou o comitê organizador a cancelar um evento-teste e ligou o alerta vermelho. Em abril, a ONG Surfrider Foundation classificou como “alarmante” o estado do rio parisiense. Das 14 amostras colhidas e analisadas entre setembro de 2023 e março de 2024, 13 ficaram “acima ou muito acima” do limite tolerado para banho. Não por acaso, é proibido nadar no Sena desde 1923.

“Sei que fatores externos podem interferir no rendimento do atleta. Mas sei também que há um ‘plano B’ para caso a poluição do Sena esteja acima do nível permitido. O importante é que teremos a prova”, acredita a nadadora. A velejadora Kahena Kunze, ouro na Rio 2016 e em Tóquio 2020, também dá de ombros. “Na vela, estamos expostas a intempéries o tempo todo: mar, vento, chuva, calor, frio, poluição… Até areia que o vento traz do Saara, acredita? Não chega a preocupar, mas temos que estar atentos. Não é à toa que chegamos com bastante antecedência ao local da competição. Temos que nos adaptar aos fatores externos”.

Fonte: Galileu

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