O número de queimadas na Amazônia atingiu quase o dobro do esperado no mês de agosto, atingindo 2,5 milhões de hectares, segundo os dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ). A média histórica para área afetada pelo fogo no mês é 1,4 milhão de hectares.
De janeiro até o momento, já são mais de 4,1 milhões de hectares atingidos pelos incêndios. O monitoramento realizado pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, órgão ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), detectou alta concentração de gases poluentes em uma região que se estendia da Amazônia ao Sul do Brasil e alcançando mais de dez estados. Os níveis dos rios na região já antecipam um quadro de seca extrema, que poderá se agravar ainda mais no mês de setembro, com a chegada do período mais critico de estiagem.
Na reunião extraordinária da sala de situação do governo federal, no domingo (25), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, informou que os incêndios na Amazônia, no Pantanal e Sudeste do país foram potencializados pela situação de extremo climático, mas também apresentam um movimento atípico que podem indicar uma ação criminosa de quem está ateando fogo propositadamente.
“Do mesmo jeito que nós tivemos o ‘dia do fogo’, há uma forte suspeita que isso esteja acontecendo de novo. No caso do Pantanal, a gente estava tendo ali a abertura de dez frentes de incêndios por semana. No caso da Amazônia, nós identificamos o mesmo fenômeno. E em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias você tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios”, afirmou.
O evento citado pela ministra retoma o ano de 2019, quando, no mês de agosto, entre os dias 10 e 11, foram detectados pelo Inpe 1.457 focos de calor no estado do Pará. Na época, o Ministério Público Federal denunciou a convocação de fazendeiros para uma ação orquestrada que colocaria fogo no bioma, em apoio ao desmonte das políticas ambientais.
PF abre inquéritos para apurar incêndios
Em meio à alta de queimadas pelo país, a Polícia Federal abriu 31 inquéritos para investigar suspeitas de incêndios criminosos no país.
Ao todo, 29 inquéritos são sobre ocorrências na Amazônia e no Pantanal. Outras duas investigações envolvem São Paulo, que tem 48 municípios em alerta máximo de queimadas.
Duas pessoas foram presas neste fim de semana por atear fogo em áreas de mata de Batatais e São José do Rio Preto. O estado concentrou, entre sexta (23) e sábado (24), mais de 30% dos focos de calor do Brasil, com quase 2.200 registros.
Deputados federais criticam ineficiência do governo Lula por recorde em queimadas
O “corredor de fumaça” que se espalhou pelo país nos últimos dias, em decorrência das queimadas na Amazônia, Pantanal e São Paulo, desencadeou uma série de críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Deputados federais da oposição criticaram a “ineficiência” e “ausência” do governo petista no combate aos incêndios.
“O Brasil enfrenta recorde de focos de incêndio, e o que vemos? Silêncio total! Os mesmos artistas e ONGs que se reuniam para atacar Bolsonaro por uma faísca, hoje permanecem calados e omissos. Um boicote contra o Brasil, contra os brasileiros”, criticou a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP).
Já Rodrigo Valadares (União-SE) questionou. “E a ministra Marina Silva? Nada de solução. Apenas desvia a irresponsabilidade e incompetência do Governo Lula culpando mudanças climáticas e secas”.
Ainda na mesma linha, Sargento Gonçalves (PL-RN) cobrou a atenção. “É hora de alerta não apenas com o fogo que vem destruindo casas, plantações e mata animais, mas também das vozes que se calam, e deveriam falar, diante desse momento crítico que o país enfrenta”.
Por fim, Rodolfo Nogueira (PL-MS) destacou a mudança de postura do atual governo, apontando incoerência nas ações de Lula e Marina Silva. “É lamentável ver o presidente Lula e a ministra Marina Silva, que tanto criticaram o governo Bolsonaro pelas queimadas, agora se esquivando da responsabilidade. Quando era conveniente, eles apontavam o dedo e faziam discursos inflamados. Agora, quando a situação se repete, preferem silenciar e buscar desculpas. Essa postura só demonstra a hipocrisia que domina o atual governo”, declarou Nogueira.
Recorde de queimadas
De acordo com o sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre 1º de janeiro e 23 de agosto, o país registrou mais de 102.670 focos de queimadas. Esse é o maior número registrado em período equivalente nos últimos 14 anos. Desde 2010, quando 114.265 focos foram registrados, não havia tantas queimadas neste período no país. Somente a região da Amazônia Legal é responsável por mais de metade desses focos.
Segundo o governo federal, há 1.489 brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no combate aos incêndios florestais na Amazônia.
Os estados que mais têm focos de queimada no mês de agosto são Mato Grosso, com 19,3% do total, Pará (19,1%), Amazonas (14,5%), Mato Grosso do Sul (8,5%), São Paulo (7,1%), Rondônia (6,1%), Minas Gerais (4,4%), Maranhão (3,9%), Tocantins (3,6%) e Acre (2,7%).
Fontes: Agência Brasil e Gazeta do Povo