No mesmo dia em que o Mapbiomas revelou que a Amazônia perdeu quase 50 milhões de hectares de florestas nas últimas quatro décadas, o governo brasileiro lança pela primeira vez um sistema de monitoramento diário com cobertura total do bioma para driblar o desmatamento.
A iniciativa “Deter Não Floresta (Deter NF)”, desenvolvida em parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi anunciada nessa segunda-feira (15), e promete fechar uma lacuna histórica na vigilância ambiental do país ao englobar novas áreas como savanas e campos.
Até então, o atual sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) atuava exclusivamente na perda de florestas densas primárias e a limitação criava um “ponto cego” para os órgãos de fiscalização.
Segundo o governo, a nova ferramenta revoluciona o cenário ao incluir essas formações não florestais – que representam cerca de 20% do bioma amazônico e não eram contempladas.
Com a inclusão, o sistema Deter passa a cobrir 75% do território nacional, com planos de expansão para os biomas Mata Atlântica, Caatinga e Pampa.
“Onde antes tínhamos um vazio de informação diária, agora temos transparência e agilidade. Isso democratiza o acesso e fortalece imensamente a ação do estado”, destacou em comunicado André Lima, secretário extraordinário de Controle do Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente.
Tecnologia de ponta e IA
Na prática, a inovação utiliza inteligência artificial e imagens de satélite para analisar diariamente todo o território amazônico e identifica indícios de alteração da cobertura vegetal causados por desmatamento, mineração, queimadas e outras atividades irregulares em locais de vegetação nativa.
Os alertas são disponibilizados gratuitamente na plataforma TerraBrasilis, visando a transparência dos dados.
Segundo Cláudio Almeida, coordenador do programa BiomasBR do Inpe, a ferramenta é resultado de anos de pesquisa.
“Aplicamos técnicas avançadas de processamento de imagens com métodos de aprendizagem por máquina para criar um sistema robusto e confiável que atende a uma necessidade urgente de proteção de todos os ecossistemas do bioma”, explicou.
Primeiros resultados
Os dados de desmatamento divulgados pelo Inpe na sexta-feira (12) mostram tendências diferentes de acordo com os sistemas de monitoramento.
Enquanto os alertas tradicionais do Deter Amazônia caíram 36,6% comparado a agosto de 2024, as áreas não florestais monitoradas pela nova ferramenta registraram aumento de 8%. Já o Cerrado teve redução de 27,3% nos alertas e o Pantanal diminuiu 16,8%.
Fonte: EXAME