Pesquisadores alertam: até 2050 a quantidade de plástico deve superar a de peixes no mar. O futuro será imundo e feio se os oceanos não deixarem de ser encarados como lata de lixo do planeta. Atualmente, mais de 50 trilhões de peças com algum tipo de plástico estão escondidos nas águas. Há de tudo. Além das garrafas pets e dos sacos plásticos, que sufocam os tartarugas e golfinhos fofos, há redes abandonadas por pescadores, que funcionam como armadilha fatal para animais e seres humanos. As maiores e mais notáveis vítimas são os surfistas.
Por isso, recentemente duas entidades esportivas conhecidas no mundo todo, a americana NBA (sigla em inglês para Associação Nacional de Basquete) e a WSL (Liga Mundial de Surfe) se juntaram com o objetivo limpar os oceanos. Em uma semana, recolheram cerca de uma tonelada de redes de pesca da costa dos estados de São Paulo e Santa Catarina.
A iniciativa é pequena e pontual perto da imensidão de lixo que flutua por aí. Mesmo assim, mostra o quanto a iniciativa privada poderia contribuir muito para uma mudança. “Nossa arena de provas é o mar”, explica Ivan Martinho, presidente da WSL. “Usamos nossos embaixadores para uma ação global de conscientização do perigo das redes”. A preocupação com as chamadas “redes fantasmas” fez com que a liga fechasse parceria com a NBA, que tem o objetivo de transformá-las em cestas de basquetes.
A iniciativa começou na Índia e agora veio para o Brasil, onde já foram instaladas 62 cestas em quadras públicas, adotadas pela NBA. Elas são feitas de um nylon resistente, que demora 200 anos para se desintegrar nas profundezas. “Infelizmente conseguimos uma tonelada rapidamente, em apenas três semanas”, diz Arnon de Mello, diretor administrativo NBA, para América Latina e Canadá. A ideia deve se espalhar mundo afora, até porque as ligas possuem plataformas com conexões internacionais.
Praia limpa
Outra parceira das praias brasileiras é a Cia Marítima, marca de beachwear, que desde 2021 promove mutirões de limpeza na costa. Com a ajuda de ONGs, retirou 1,4 tonelada de lixo das areias. Ao todo, a empresa já realizou 25 ações no Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Pará. “Sabemos que os mutirões não resolvem, mas a chamada incentiva as comunidades do entorno e reforça a importância e a necessidade de as ações serem mais frequentes”, diz Marcella Sant’anna, diretora de estilo e marketing da Cia Marítima. Ela sabe que, em tempo de mudança climática, estar na moda é ser sustentável. Já promover o engajamento em causas socioambientais é para lá de chique.
Fonte: VEJA