O Mercosul firmou acordo de livre-comércio com Singapura, durante a cúpula dos países do bloco, na última quinta-feira (7), no Rio de Janeiro. É o primeiro tratado do tipo firmado pelo grupo de países da América do Sul desde 2011, quando foi assinado um com a Autoridade Nacional Palestina.
A assinatura do acordo serviu de certo consolo depois da frustração em torno das negociações do acordo comercial com a União Europeia (UE).
O acordo com Singapura foi assinado, em cerimônia no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, onde ocorreu a cúpula. O país é o oitavo maior destino das exportações brasileiras, que cresceram muito nos últimos anos.
Em 2018, o país asiático era o 22º maior destino das vendas brasileiras no exterior, com US$ 2,3 bilhões. No ano passado, passou para a sétima posição, com US$ 8,4 bilhões.
Neste ano, até novembro, o Brasil já exportou US$ 7,1 bilhões para Singapura, o que coloca a cidade-estado asiática na oitava posição entre os principais destinos das exportações nacionais (o primeiro lugar é da China, com US$ 95,4 bilhões até novembro). A expectativa é que o Brasil possa ganhar mais espaço com o acordo selado no âmbito do Mercosul.
Na cúpula, terminou a presidência temporária do Brasil no bloco. Na ocasião, também foi assinado o termo de adesão da Bolívia como membro do Mercosul, ao lado de Argentina, Paraguai e Uruguai, além do Brasil.
A Venezuela chegou a fazer do bloco, mas está suspensa desde 2017 por descumprimento de algumas obrigações previstas no acordo.
Embora seja um país pequeno (5,975 milhões – menos do que os 6,21 milhões do Rio de Janeiro), o acordo é visto como positivo. Ao O Globo, Welber Barral, sócio da BMJ Consultores Associados e ex-secretário de Comércio Exterior, fez a seguinte análise: “Singapura é um grande hub logístico. Re-exporta para vários países da Ásia. Eles têm acordos de livre-comércio com praticamente todos os países da região”.
O executivo também avalia que o acordo permite que Singapura faça investimentos no Brasil. Além disso, facilita os trâmites logísticos, segundo Barral. “Sai mais barato, em termos de logística, mandar alguma coisa para Singapura para levar para a Tailândia e para China do que ir direto do Brasil, por conta da movimentação (de cargas) e porque eles têm um porto muito eficiente”, avaliou.
Fonte: ICL Economia