Especialistas alertam para o fato de que o Brasil se tornou um dos principais pontos de expansão das atividades do grupo terrorista libanês Hezbollah. É o caso, por exemplo, do membro da Fundação para a Defesa das Democracias, com sede em Washington D.C., Emanuele Ottolenghi.
De acordo com ele, a presença do grupo terrorista no país está em crescimento, aproveitando a importância do Brasil para o comércio internacional de drogas. Ottolenghi afirma que a fundação da qual faz parte identificou a presença no Brasil de parentes de figuras centrais do Hezbollah. Citou, nesse sentido, Haj Wissam Rizk, irmão de Khalil Rizk, ex-chefe do departamento de relações exteriores do movimento extremista.
Conforme as investigações, Haj Wissam vive na cidade de São Paulo. Ali, o irmão do líder terrorista, trabalha do ramo de aparelhos celulares.
“Essas redes têm quase sempre um componente familiar, uma vez que os líderes do Hezbollah na nomenclatura partidária dependem de parentes ou atribuem-lhes tarefas complexas de apoio no estrangeiro”, disse Ottolenghi, em entrevista ao site Infobae. O conteúdo sobre a atuação do grupo terrorista no Brasil foi publicado nesta segunda-feira (1º).
Na visão do representante da norte-americana Fundação para a Defesa das Democracias, a atuação do Hezbollah no nível internacional pode ser objetivo de comparação com as antigas máfias da Itália. “A família e o local de origem são normalmente fortes indicadores de cooperação e conluio nessas redes”, disse, “como no caso de outras organizações criminosas baseadas em clãs, como a máfia italiana”.
Hezbollah, investigação da PF e antissemitismo no Brasil
A observação por parte da fundação dos Estados Unidos converge com investigação sob comando da Polícia Federal (PF). No ano passado, a corporação deflagrou operação que culminou na prisão de pessoas suspostamente ligadas ao Hezbollah.
Além disso, a investigação da PF revelou a conexão de Mohamad Khir Abdulmajid e Haissam Houssim Diab. Os dois eram, a saber, procurados pela Interpol.
Abdulmajid, conhecido como Habibi, demonstrou um perfil radical e buscou treinamento em tiro e aulas intensivas de espanhol, indicando possíveis planos de fuga para outros países da América Latina. A presença do Hezbollah na região da Tríplice Fronteira — entre Argentina, Brasil e Paraguai — preocupa as autoridades locais.
Há, por fim, a questão do antissemitismo. De acordo com a reportagem da Infobae, esse problema cresce no Brasil, levando temor à comunidade judaica que vive no país. Coordenador do Museu do Holocausto de Curitiba, Carlos Reiss compartilha essa sensação.
“Tal como acontece com o racismo, existe uma gramática antissemita”, afirmou Reiss. “Vai além do que observamos na superfície e inclui armadilhas que simulam uma natureza falsamente defensiva. E esta é muitas vezes a intenção dos antissemitas: defender algo que assumem ser moralmente correto, provocar essa confusão mental e escapar ao rótulo. E o crescimento desse ódio nos preocupa muito”.
Fonte: Revista Oeste