Mais de 12 milhões de mortes em todo o mundo estão associadas a fatores de risco ambientais a cada ano, afirmou o diretor-adjunto da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa.
Em coletiva de imprensa semanal da OPAS, no dia 27 de outubro, Barbosa destacou como meio ambiente e saúde estão interligados. A análise foi feita antes da cúpula do clima da ONU, COP26.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente relatou esta semana que, embora os países tenham prometido cortar as emissões de gases de efeito estufa, há uma grande lacuna entre essas promessas e o que é necessário para evitar as piores consequências da crise climática.
“A saúde do nosso planeta e a saúde das nossas pessoas estão interligadas”, disse Barbosa, acrescentando que as altas temperaturas e a poluição atmosférica têm levado ao aumento das doenças cardiovasculares e respiratórias.
O representante da OPAS também disse que incêndios florestais e secas levaram à quebra de safra, afetando a subsistência da força de trabalho agrícola e aumentando a insegurança alimentar nas Américas.
Os líderes globais vão se concentrar em soluções para a crise na COP26 após um verão repleto de condições climáticas extremas.
Além dos incêndios florestais e da seca na América do Sul, os Estados Unidos também foram atingidos por incêndios, inundações e furacões. China e Alemanha sofreram enchentes e o sul da Europa também foi atingido pelo fogo que destruiu vegetações.
“O clima extremo e o aumento das temperaturas mudaram nossos ecossistemas e deslocaram pessoas de suas casas, muitas vezes forçando os humanos a violar habitats naturais e os animais a se mudarem para condições mais hospitaleiras”, disse Barbosa, acrescentando que isso levou a um aumento de doenças como Zika e Chagas.
“E a dengue, que normalmente segue um padrão sazonal, está sendo detectada fora de seu ciclo normal, pois as temperaturas aumentaram e as temporadas de chuva se prolongaram”, disse ele.
No início de outubro, a Organização Mundial da Saúde pediu aos governos e formuladores de políticas que “ajam com urgência” nas crises climáticas e de saúde.
O relatório descreveu a mudança climática como a “maior ameaça à saúde que a humanidade enfrenta” e delineou 10 ações recomendadas.
Esse relatório seguiu as novas diretrizes de qualidade do ar da agência, divulgadas em setembro, que poderiam prevenir milhões de mortes no mundo a cada ano.
Essas diretrizes também ancoram pesquisas recentes que apontam a poluição do ar como um dos fatores para os agravos à saúde causados pela Covid-19.
Ainda segundo Barbosa, na semana passada a região das Américas relatou 800 mil novas infecções por Covid-19 e 18 mil mortes – os números mais baixos em mais de um ano. “Temos motivos para estar otimistas, mas devemos permanecer vigilantes”, disse.
Entre os alvos de preocupação está Belize, na América Central, que relata um aumento acentuado nas mortes relacionadas à Covid-19, e o Paraguai, onde os casos dobraram na semana passada.
No Caribe, ilhas maiores como Cuba estão observando uma tendência de queda, mas ilhas menores como São Cristóvão e Névis, Barbados, Anguila e São Vicente e Granadina estão agora atingindo seus primeiros picos pandêmicos, disse ele.
Hoje, reforçou Barbosa, quase 44% das pessoas na América Latina e no Caribe estão totalmente vacinadas – mas na Guatemala, São Vicente e Granadinas, Jamaica, Nicarágua e Haiti – menos de 20% das pessoas foram totalmente vacinadas.
Fonte: CNN Brasil