ARACAJU/SE, 23 de outubro de 2024 , 6:33:34

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Após 30 anos de hegemonia no parlamento sul-africano, partido de Mandela não consegue maioria; desafio agora consiste em manter reeleição do atual presidente

 

O Congresso Nacional Africano (ANC), que libertou o país do ‘apartheid’ em 1994, continua a ser o maior partido, mas, sem maioria pela primeira vez em 30 anos, terá de chegar a acordo de coligação com outro partido ou partidos para cogovernar e tentar reeleger o presidente Cyril Ramaphosa para um segundo mandato.

As eleições nacionais na África do Sul decidem quantos lugares cada partido obtém no parlamento, mas são depois os deputados que elegem o presidente.

Os resultados ditaram que há quatro grandes partidos políticos e pelo menos oito com percentagem de voto.

O secretário-geral do ANC, Fikile Mbalula, afirmou estar aberto a todas as negociações, mesmo com a Aliança Democrática (DA), principal partido da oposição, que há anos lidera o coro de críticas ao ANC, mas que é visto por muitos analistas como a opção de coligação mais estável para a África do Sul.

A DA obteve o segundo maior número de votos, com 21,8%, e os dois partidos teriam uma maioria conjunta e poderiam governar. O líder do DA, John Steenhuisen, disse que o seu partido também estava iniciando conversações com diferentes partidos.

O ANC obteve 40% dos votos apurados e 159 assentos no parlamento de 400 lugares, menos do que os 230 que obteve nas últimas eleições. O DA aumentou ligeiramente para 87 lugares.

África do Sul consegue “resistir à tempestade”?

Cyril Ramaphosa está tentando um segundo e último mandato e Fikile Mbalula afirmou, depois de conhecidos os resultados, que a continuidade do presidente como líder do ANC não será moeda de troca para formar uma maioria governativa de coligação.

“Nenhum partido político vai ditar os termos (de negociação)”, insistiu Mbalula, depois de o partido MK de Jacob Zuma, o terceiro mais votado, com quase 15%, ter indicado que faria coligação com o partido no poder, “mas não com o ANC de Cyril Ramaphosa”.

“Toda a gente está a ver se a África do Sul consegue resistir à tempestade e sair do outro lado”, disse o analista político Oscar van Heerden na rede de notícias eNCA, à agência Associated Press(AP).

Entre as opções de coligação, o ANC poderia também juntar-se, além do DA ou do MK, aos Combatentes da Liberdade Económica (EFF, na sigla em inglês), de extrema-esquerda, embora estes tenham sido considerados parceiros que deixariam os investidores pouco à vontade.

O ANC era o partido de Nelson Mandela e libertou a África do Sul do sistema de ‘apartheid’, governando com uma maioria confortável há 30 anos, mas nestas eleições registrou uma queda sem precedentes.

A África do Sul é uma das principais vozes de seu continente e do mundo em desenvolvimento, e deverá assumir a presidência do Grupo dos 20 países ricos e em desenvolvimento no final deste ano. É a única nação africana que faz parte desse grupo.

Fonte: DW

 

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