O presidente de Bangladesh, Mohammed Shahabuddin, nomeou, nessa terça-feira (6), o ganhador do Nobel da Paz, Muhammad Yunus, como supervisor do governo interino em uma tentativa de apaziguar os protestos no país.
A nomeação ocorreu logo depois que o mandatário bengalês dissolveu o parlamento, após a primeira-ministra Sheik Hasina renunciar e fugir em meio às manifestações contra o governo lideradas por estudantes.
A notícia de Yunus como supervisor veio por meio do principal coordenador dos protestos, Nahid Islam, que estava em um grupo de pessoas que se encontrou com Shahabuddin nessa terça, juntamente com militares.
O ganhador do prêmio Nobel, no entanto, não compareceu ao encontro.
“Estamos formando um governo numa situação extraordinária”, disse Asif Nazrul, professor de direito na Universidade de Dhaka, que também estava presente na reunião com o presidente.
“O mandato do governo ainda não foi finalizado”, disse Nazrul.
Até o momento, não se sabe por quanto tempo Yunus vai liderar o governo temporário, no qual outros membros vão ser anunciados nos próximos dias, informaram participantes da reunião.
Ele será responsável por definir qual será seu mandato até que outras eleições sejam convocadas.
Yunus é admirado em Bangladesh e já fez uma breve incursão na política. Agora, o laureado com o Nobel deve restaurar a ordem no país, abalado pelos protestos estudantis e confrontos violentos com as forças de segurança. Os distúrbios já mataram cerca de 300 pessoas.
Yunus é considerado o pioneiro no conceito de microfinanças – empréstimos a pessoas pobres demais para obter créditos bancários, ajudando-as a encontrarem oportunidades econômicas.
Em 2006, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho, juntamente com o Grameen Bank, instituição que fundou em 1983.
Yunus fundou um partido político para oferecer uma alternativa ao regime corrupto da época. O partido, contudo, não durou, e a ideia foi abandonada por ele.
Onda de protestos
A série de manifestações contra o governo teve início quando um movimento estudantil começou a denunciar as cotas de admissão para cargos públicos, algo considerado arbitrário pelo grupo.
As vagas são reservadas a famílias de veteranos da guerra de independência de Bangladesh, em 1971, tornando-se um meio de reservar posições para aliados dos partidos governistas.
Os protestos escalaram para um levante mais amplo contra o governo.
Fonte: VEJA